Senador Cid Gomes é atingido por disparos de arma de fogo em Sobral
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Parlamentar dirigia um trator durante protesto de PMs em greve, quando foi alvo de tiros ler
O senador licenciado Cid Gomes (PDT), de 56 anos, foi atingido por dois tiros de pistola durante um protesto de policiais militares em greve em Sobral, no interior do Ceará, na tarde desta quarta-feira, 19.
No momento em que foi baleado, Cid dirigia um trator e tentava derrubar o portão de um quartel da Polícia Militar ocupado por agentes grevistas e seus familiares.
Cid foi operado no Hospital do Coração de Sobral. Até as 23h, ele estava consciente e respirava sem ajuda de aparelhos, segundo boletim médico.
Tentativa de homicídio
De acordo com informações, Cid foi atingido por dois tiros de pistola calibre .40, arma padrão das Polícias Militares, que atingiram a região do tórax. O comando da PM do Ceará está tratando o caso como tentativa de homicídio.
O senador licenciado foi operado no hospital e, depois de estabilizado, encaminhado à Santa Casa de Sobral para exames, com a intenção de aferir a gravidade dos ferimentos.
Ele retornou ao Hospital do Coração em seguida. Seu quadro cardíaco e neurológico não apresentou alteração após os ferimentos, segundo o hospital.
Greve
A tensão com os policiais militares e bombeiros do Ceará começou por uma demanda de reajuste salarial em dezembro. Quatro batalhões da PM foram atacados, segundo o governador do Estado, Camilo Santana (PT).
As ações foram feitas por pessoas encapuzadas, mas o governo suspeita de que os responsáveis sejam policiais. Por isso, Santana solicitou o apoio de tropas federais para reforçar a segurança.
De acordo com o deputado Soldado Noelio (PROS), representante das categorias da segurança pública na Assembleia Legislativa, muitos policiais se manifestam com o rosto coberto.
“Não temos como afirmar quem é o responsável por essas ações de vandalismo. Eles estão cobrindo os rostos, temendo punições por parte do governo”.
Os policiais optaram por não comentar a paralisação.
Apoio
Por volta das 14h, homens que foram identificados como policiais encapuzados circularam pelo centro de Sobral ameaçando comerciantes com armas de fogo para fecharem seus estabelecimentos.
O senador usou suas redes sociais para criticar os policiais em greve.
“Estou chocado ao ver cenas de quem deveria dar segurança para o povo e está promovendo a insegurança, a desordem. Não consigo me conformar com isso”, disse.
Em seguida, no vídeo, pediu que eleitores o recebam no aeroporto da cidade. Ao aterrissar, Cid fez um discurso e disse que enfrentaria os policiais grevistas sob o custo da própria vida.
Em frente ao quartel, Cid pediu que os manifestantes deixassem o prédio, usando um megafone.
“Esse movimento é ilegal. Vocês tem cinco minutos para pegarem seus parentes e saírem daqui em paz. Cinco minutos”.
Houve confusão. Enquanto Cid e seus apoiadores estavam de um lado do portão, homens encapuzados ficavam do outro lado.
Cid então montou no trator e avançou contra o quartel para derrubar o portão. Os encapuzados tentaram segurar o avanço do veículos. Pedras foram atiradas e disparos ouvidos. Andando, o senador licenciado foi levado ao hospital.
Repercussão
O ataque ao senador gerou repercussões no governo e no mundo político. O Ministério da Justiça e Segurança Pública informou que “está acompanhando a situação no Ceará”.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), divulgou nota em que disse acompanhar “com preocupação” os desdobramentos do caso.
O senador Telmário Mota (PROS-RR) cobrou do ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sérgio Moro, o envio
“urgente de uma Força Tarefa para o Ceará para dar proteção à população, já que os policiais daquele Estado estão em greve, contra a lei, a e a população está sem segurança, inclusive os policiais grevistas que atiraram no senador Cid Gomes”.
“Lamento profundamente o ocorrido com o senador Cid Gomes, nesta tarde, em Sobral, no Ceará. Toda violência deve ser repudiada e os excessos rigorosamente apurados”, tuitou o senador José Serra (PSDB-SP).
Randolfe Rodrigues (Rede-AP) disse estar
“torcendo pela saúde de Cid” e disse ser “inaceitável, em qualquer hipótese, atuações que empreguem o terror à população”.
O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) se solidarizou com seu conterrâneo.
“Gostaria de expressar meu sentimento de profunda indignação e repúdio em relação ao episódio acontecido hoje em Sobral, ao mesmo tempo em que presto minha solidariedade ao senador Cid Gomes, vítima de uma violência inaceitável e criminosa”, tuitou Tasso.
O líder do PSL no Senado, Major Olimpio (SP), pediu ao presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que envie uma comissão para o Ceará.
“Conflitos com policiais, manifestações de rua, acionamento de forças federais, tudo para acabar em tragédia. Momento de negociação com muita calma e experiência. Já me coloquei à disposição para fazer parte dessa comissão”, diz nota de Olimpio.
O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) publicou em uma rede social que Cid não teve “o mínimo de inteligência” para lidar com os policiais grevistas. Logo depois, a postagem foi apagada. Procurado, o deputado não respondeu porque apagou a mensagem em sua redesocial.
Em nota, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública condenou o confronto.
“É igualmente condenável que viaturas policiais circulem com agentes mascarados aterrorizando a população e ordenando o fechamento de estabelecimentos comerciais”, diz a nota.
“Neste momento, faz-se necessário que autoridades, associações e representantes das instituições policiais tenham serenidade e responsabilidade para encontrar saídas pacíficas e dentro da legalidade”, completa.