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Meta abandona checagem de fatos

A decisão da Meta de encerrar o programa de checagem de fatos gera preocupação no Brasil ler

08 de janeiro de 2025 - 08:30

A Meta, controladora do Facebook, Instagram e WhatsApp, anunciou o fim do programa de checagem de fatos, substituindo-o pelo sistema de “notas da comunidade”. Essa medida, apresentada como um passo para ampliar a liberdade de expressão, gerou preocupações significativas no Brasil, um dos países mais afetados pela disseminação de desinformação.

Uma decisão global, um impacto local

Especialistas e autoridades alertam que essa decisão pode comprometer a integridade democrática e abrir espaço para mais manipulações no ambiente digital.

Desinformação e democracia: um ciclo preocupante

João Brant, Secretário de Políticas Digitais, criticou a decisão como um “convite à desinformação”. Ele destacou que a retirada de sistemas robustos de moderação fragiliza a democracia brasileira, já impactada por crises de confiança em suas instituições.

“Essa mudança da Meta alinha a empresa ao governo Trump e desafia diretamente países como o Brasil, que buscam regulamentar plataformas digitais para proteger direitos individuais e coletivos”, afirmou Brant, sugerindo uma urgência em ações legislativas.

Ao mesmo tempo, o ministro Fernando Haddad apontou que as eleições brasileiras já foram profundamente marcadas pela desinformação. Segundo ele, os episódios de 2018 e 2022 demonstram como a proliferação de notícias falsas pode influenciar resultados eleitorais e corroer a confiança do eleitorado.

Notas da comunidade: liberdade ou caos?

O modelo de “notas da comunidade”, inspirado no X (antigo Twitter), pretende transferir a responsabilidade de moderação aos próprios usuários. Mark Zuckerberg argumenta que a mudança reduz erros e amplia o alcance de opiniões diversas. Contudo, especialistas como Bruna Santos, da Coalizão Direitos na Rede, questionam a eficácia dessa abordagem.

“Ao colocar a moderação nas mãos dos usuários, cria-se um ambiente onde a desinformação pode se espalhar ainda mais rapidamente, sem garantias de contextualização ou veracidade”, alerta  Bruna Santos, ressaltando que a mudança pode minar esforços de combate às fake news.

Regulamentação em pauta: o que está sendo discutido?

A decisão da Meta reacendeu os debates sobre a necessidade de regulamentar as redes sociais no Brasil. O ministro Paulo Teixeira destacou que um marco regulatório é essencial para proteger o ambiente digital e impedir uma avalanche de desinformação.

No Congresso, projetos que tratam da regulamentação estão sendo revisados, enquanto o STF avalia o artigo 19 do Marco Civil da Internet, que pode mudar as regras de responsabilização das plataformas digitais. Caso as mudanças avancem, as empresas poderão ser responsabilizadas por conteúdos prejudiciais compartilhados em suas plataformas.

Impacto para o Brasil

As novas diretrizes da Meta chegam em um momento delicado para o Brasil. A combinação de um ambiente digital cada vez mais polarizado e a ausência de ferramentas eficazes de moderação coloca em risco a integridade das informações circuladas.

Conectando riscos e soluções

Os debates agora giram em torno de soluções conjuntas que unam Executivo, Legislativo e Judiciário para garantir uma governança digital mais eficaz. A posição do Brasil nesse cenário será crucial para definir os próximos passos na regulação das plataformas globais.

Redação: Ruan Cezar
Revisão: Guilherme Domingues

Fontes:

Imagem de Julio Lopez por Unsplash.

Entrevista com João Brant, Agência Brasil.

Declarações de Fernando Haddad ao programa Estúdio i da GloboNews.

Análise de Bruna Santos, Coalizão Direitos na Rede.

Discurso de Paulo Teixeira no Palácio do Planalto.

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