É só o medo das urnas, sem nenhuma razoabilidade
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A semana foi de oito "Genis", da canção de Chico Buarque, analisando a pressão pública e a falta de sensibilidade na madrugada do aumento ler
O reajuste de subsídios salários dos vereadores de Marília, aprovado na “calada da noite”, às escuras, sem “aviso prévio”, em tom de deboche, a partir de uma manobra pouco convencional, engendrada de última hora no plenário da Câmara nesta segunda-feira (9), está rendendo muita dor de cabeça para os oito vereadores que foram favoráveis à medida.
O voto deles pegou muito mal na cidade. A repercussão negativa foi geral nas bases eleitorais, nas ruas, nos movimentos organizados, nas redes sociais… Por onde eles andaram durante a semana, pareciam oito “Genis” saídos direto da canção de Chico Buarque, lá do fim dos anos 1970.
A pressão social e o medo das urnas foram tão intensos que seis vereadores decidiram se unir e propor a revogação da lei do reajuste. Não parecem ter sido motivados por certa razoabilidade sobre o momento histórico do país. Se houvesse razão, a esperávamos no momento da brilhante ideia desta proposta. Difícil negar a suspeita de puro cálculo eleitoral, medo do povo e das urnas em 2020, principalmente da exposição negativa dos seus nomes na mídia com reverberação social intensa.
O problema é que o estrago está feito, pois a matéria já foi encaminhada ao Prefeito Daniel Alonso que pode vetá-la, sancioná-la ou ficar quieto. Caso sancione, Alonso seria a nona Geni e salvaria sua base parlamentar do desgaste público, possibilitando aos seis vereadores proporem um novo projeto de lei revogando o anterior. O estafe do prefeito já afastou esta possibilidade, deixando sua base parlamentar, sem motivo, desapontada.
Caso vete a lei, Daniel teria ganho político junto à sociedade. Entretanto, imporá uma humilhação pública à Câmara de Vereadores com capacidade de alterar a composição parlamentar do governo no Legislativo em pleno ano de reeleição. O prefeito está entre a cruz e a espada, em um tabuleiro de xadrez complexo. Qualquer movimento equivocado leva a um xeque-mate da sociedade ou da maioria dos vereadores sobre seu governo.
Para piorar, Daniel precisa da Câmara, ainda este ano, para a votação e, óbvio, aprovação de mais sete medidas de interesse do Executivo. Simultaneamente, o MBL Marília convocou uma manifestação, dia 13, na frente da Câmara, às 19h30 contra o reajuste dos vereadores. O cenário é daquele pintando por Ney Matogrosso em interpretação icônica: “Se correr o bicho pega; se ficar, o bicho come”.
Estão sorrindo à toa os quatro vereadores que votaram pela rejeição do projeto de reajuste de subsídios. A maioria deles da atual oposição à administração Daniel Alonso. Sem muito esforço, estão sendo elogiados pela sociedade, em rara aprovação pública a políticos nos últimos tempos.