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Brasil e China aprofundam parceria comercial estratégica
Negociações aconteceram com enfoque em infraestrutura, energia sustentável e reposicionamento geopolítico ler
A primeira visita oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China nesta manhã (12), já resultou no anúncio de novos investimentos de US$ 1 bi para a produção de combustíveis verdes de aviação no Brasil.
Assim, em um contexto internacional marcado por uma nova guerra comercial entre Estados Unidos e China, o Brasil se apresenta como parceiro confiável, com estabilidade institucional, capacidade exportadora e amplo portfólio de projetos estruturantes.
O Investimento de US$ 1 bilhão em combustível sustentável de aviação (SAF)
Um investimento de US$ 1 bilhão foi acordado entre o presidente brasileiro e a China Energy Engineering Corporation (CEEC) para a construção de uma planta de produção de SAF – combustível sustentável de aviação no Brasil.
O projeto será liderado pela CEEC Brasil, subsidiária da estatal chinesa. A iniciativa representa um marco tanto para a transição energética nacional quanto para a inserção do Brasil em mercados regulados por padrões de descarbonização, como a Europa e o próprio mercado asiático.
Além do impacto ambiental positivo, o investimento impulsiona cadeias produtivas locais ligadas ao etanol de segunda geração e oleaginosas. Segundo o Planalto, a planta deverá gerar milhares de empregos diretos e indiretos e inserir o Brasil entre os poucos países com capacidade industrial para suprir a crescente demanda por SAF até 2030.
Infraestrutura como vetor de integração regional e desenvolvimento
A apresentação de projetos ferroviários e portuários durante a visita mostra que a China vê o Brasil como peça central na arquitetura logística sul-americana. Os projetos em destaque são:
- A ferrovia Açailândia–Barcarena, fundamental para escoar a produção agrícola do Matopiba pelo Arco Norte;
- O anel ferroviário Sudeste, que conectará os polos industriais e portos de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro;
- A conexão com o porto de Chancay, no Peru, administrado por uma estatal chinesa, como parte do plano de viabilizar a Ferrovia Bioceânica, projeto com ambições geopolíticas, ao criar um corredor transcontinental entre os oceanos Atlântico e Pacífico.
Essas obras são cruciais para reduzir o custo logístico do agronegócio brasileiro, que ainda depende fortemente de rodovias. Segundo o Ministério dos Transportes, o custo médio de transporte por ferrovia é 30% inferior ao rodoviário, com maior eficiência ambiental.
A adesão do Brasil à Iniciativa Cinturão e Rota (BRI) da China ainda não é formal, mas os projetos dialogam com essa estratégia chinesa de integração infraestrutural global.
Uma nova oportunidade em tempos de incerteza global
A visita de Lula ocorre em meio à retomada da guerra tarifária entre EUA e China. O presidente Donald Trump anunciou recentemente novos pacotes de tarifas sobre produtos chineses, gerando desconfiança em Pequim quanto à estabilidade do mercado norte-americano.
Segundo a Reuters, autoridades chinesas vêm redirecionando compras de soja, carne e minerais, setores em que o Brasil lidera globalmente, como forma de reduzir dependência de fornecedores instáveis.
O Brasil, nesse contexto, surge como alternativa segura, com um superávit comercial de US$ 51 bilhões com a China em 2024, puxado por soja, minério de ferro e petróleo.
A meta de Lula é ampliar esse portfólio com produtos industrializados e serviços de alto valor agregado, além de atrair capital chinês para setores com encadeamento produtivo nacional.
Presença de Petro e Boric: rumo a uma frente regional?
A presença conjunta dos presidentes Gustavo Petro, da Colômbia, e Gabriel Boric, do Chile, reforça o caráter regional da viagem.
Como destaca o El País, a visita simultânea dos três líderes demonstra uma tentativa de reposicionamento latino-americano nas negociações comerciais globais, com o objetivo de negociar diretamente com a China em condições mais simétricas.
Enquanto Petro busca financiamento chinês para energia renovável, Boric busca para mineração verde e infraestrutura, e Lula para logística e reindustrialização, gerando uma complementaridade que pode fortalecer o bloco sul-americano.
Quais seriam as oportunidades e os riscos dessa parceria?
Devemos primeiro analisar as vantagens concretas dos acordos:
- A diversificação de investimentos: O capital chinês atua onde outros investidores hesitam, especialmente em grandes obras de infraestrutura de alto risco. Isso supre lacunas históricas no financiamento público brasileiro.
- A integração logística e redução de custos: A consolidação de corredores ferroviários e interoceânicos pode reposicionar o Brasil como hub logístico continental.
- A transição energética com soberania: Projetos como o de SAF colocam o Brasil como exportador de energia limpa e ampliam sua liderança ambiental, sem renunciar à industrialização.
- A estabilidade comercial: Em tempos de volatilidade global, a previsibilidade da demanda chinesa por commodities brasileiras protege o saldo comercial e a balança cambial.
Porém, conforme especialistas demosntram, não podemos deixar de especificar os riscos e limitações dessa parceria, com o objetivo de mitigá-los ao máximo, vejamos:
- A assimetria tecnológica: Grande parte dos investimentos chineses concentra-se em setores com baixo valor agregado para o Brasil, como exportação de bens primários ou execução de obras com baixa nacionalização de tecnologia.
- A dependência comercial: A China responde por mais de 30% das exportações brasileiras — uma concentração perigosa em caso de desaceleração da economia chinesa ou alterações regulatórias.
- O risco à soberania em ativos estratégicos: A presença de empresas chinesas em portos, energia e infraestrutura estratégica levanta preocupações sobre controle externo de ativos sensíveis, especialmente sem cláusulas claras de transferência de tecnologia ou conteúdo local.
- As barreiras institucionais internas: Mesmo com capital disponível, muitos projetos esbarram em burocracia, morosidade no licenciamento ambiental, e em regulamentações instáveis, o que pode desincentivar a continuidade dos investimentos.
Dessa forma, a viagem de Lula à China marca um novo capítulo na cooperação bilateral e insere o Brasil com protagonismo na reconfiguração das cadeias globais de produção, energia e logística.
O momento é especialmente favorável ao Brasil, que pode combinar sua posição estratégica no comércio internacional com uma agenda interna de reindustrialização e sustentabilidade.
Contudo, para que os acordos se convertam em desenvolvimento de longo prazo, é preciso atenção à qualidade dos contratos, à capacitação da indústria nacional e à preservação da autonomia estratégica brasileira.
Redação: Isabela Campanhã da Silva
Revisão: Luísa Guena
Reprodução de Imagem: Ricardo Stuckert/Governo Federal