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Venda de íris está proibida no Brasil, mas projeto continua

Venda de íris é proibida no Brasil, interessados ainda podem se cadastrar voluntariamente, sem suporte financeiro ler

30 de janeiro de 2025 - 08:30

Através de um vídeo na plataforma de TikTok, o projeto World, de Sam Altman, CEO da OpenAI, e Alex Blania, teve uma rápida adesão pela população brasileira por conta do incentivo financeiro que estavam disponibilizando. 

A proposta, a qual tem o intuito de criar uma identidade digital a partir da biometria, é feita através de um processo de cadastro na rede World que, sob fiscalização da ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados) desde novembro, foi proibida de financiar os interessados a partir do dia 25 (sábado).

MAS COMO FUNCIONA A VENDA DA ÍRIS? 

Os voluntários em disponibilizar seus dados precisam, em resumo, fazer um registro no aplicativo Wolrd App, realizando um cadastro e aceitar os termos e a política de privacidade. 

Posteriormente, escolhem um local, data e horário para a verificação da íris. Ao chegarem no ponto de verificação, todos na capital paulista, são tiradas três fotos (uma do rosto e de cada um dos olhos) com a Orb. 

A Orb é uma câmera de alta definição que escaneia a íris e, a partir disso, as fotos viram um código numérico que é criptografado. Assim, esse código é enviado para o celular da pessoa, que passa a ser dona dessa “impressão digital”. 

Além disso, esse código é fragmentado e armazenado em diferentes servidores de “terceiros confiáveis”, tais como as universidades de Berkeley (Estados Unidos) e Erlangen-Nürnberg (Alemanha) e a empresa inglesa de blockchain Nethermind. Dessa forma, o código é apagado do Orb.

Além disso, de acordo com o chefe de privacidade do projeto, Damien Kieran, o CEO Alex Blania formulou uma tecnologia para não revelar a identidade, cor, etnia, religião ou qualquer outra informação mais pessoal ao legitimar que alguém é humano. Segundo ele, esse recurso digital seria útil para, por exemplo, impedir que menores se cadastrem em lugares inapropriados para a sua idade, já que poderiam obter esse dado sem exposição de outras identidades. 

E ISSO É SEGURO?

Então, a autoridade já mencionada, ANPD, estava investigando se a tecnologia é segura para a privacidade dos brasileiros. Pois, mesmo que o site do projeto afirme que os dados não fiquem armazenados e servem, apenas, para  legitimar a identidade de pessoas, o projeto já foi proibido em outros territórios.

Por exemplo, na Espanha, Portugal, Quênia e Índia, por não conseguir comprovar que o processo era seguro para a privacidade, a empresa teve sua atuação proibida, por mais que em 39 países a empresa esteja presente.

Além disso, os especialistas afirmaram que a maior preocupação era com o fato dos voluntários apenas estarem se sujeitando a aquele processo por conta do suporte financeiro, o qual era cerca de R$ 600 em criptomoedas até sexta-feira (24).

Outro ponto a ser destacado é que o dado biométrico disponibilizado pela íris é extremamente sensível, assim, em casos de vazamento, o prejuízo pode ser grande. Além de que, no exterior, autoridades encontraram falhas e lacunas nos termos de uso e concessão de dados da empresa.

PROIBIÇÃO 

Portanto, por conta do projeto estar abrangendo casos de vulnerabilidade social e ainda possuir incertezas em relação à confiabilidade do processo, a Agência Nacional de Proteção de Dados (ANPD) divulgou que o projeto não poderá mais renumerar os participantes. 

Entretanto, é válido pontuar que a medida não impede os cadastros de usuários no projeto, apenas que sejam financiados, pois, como esclarece a ANPD, “a concessão de contrapartida pecuniária pela empresa, por meio da oferta de criptomoedas, pode prejudicar a obtenção do consentimento do titular de dados pessoais”.

Assim, com essa nova regulamentação, poderemos ver se, realmente, a população brasileira estava se submetendo à essa tecnologia para suprir a falta financeira. 

Todavia, como o cadastro para obter sua identidade digital ainda é válido, as autoridades recomendam ao titular entender os riscos associados e conhecer seus direitos antes de submeter a rede World.

Redator: Maísa Faria
Revisor: Karini Yumi

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