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TRAGÉDIA

Desabamento de rocha em Capitólio deixa 8 mortos e 2 desaparecidos

Bombeiros de MG confirmam os óbitos em queda de paredão em Capitólio e ainda buscam 4 desaparecidos ler

08 de janeiro de 2022 - 14:55

O desabamento de um paredão no lago de Furnas, em Capitólio (MG), pode ter sido causado por erosão do solo e infiltrações de água das fortes chuvas que atingem todo o estado há dias, segundo especialistas. Há, também, outras hipóteses para a tragédia, como a falta de um mapeamento de riscos da região e o fato de que paredões e falésias costumam ceder naturalmente.

O desabamento no começo da tarde deste sábado, 8 de janeiro, deixou 7 mortos, dezenas de feridos (4 ainda estão internados) e 3 desaparecidos. A Marinha do Brasil informou que um um inquérito será instaurado para apurar as causas e a Polícia Civil também também já investiga o caso. Além disso, a Marinha deve investigar se os barcos de passeio poderiam estar ali, dadas as condições climáticas e os alertas meteorológicos.

Um vídeo que circula pela internet e cuja veracidade foi confirmada pelos Bombeiros mostra o momento em que um dos cânions atinge as lanchas.

Veja o que se sabe até agora:

  • O deslizamento ocorreu por volta de 12h30. Ainda não se sabe o que causou o acidente
  • Quatro embarcações foram atingidas, segundo os bombeiros
  • Sete pessoas morreram. Ao menos 4 seguem internadas
  • Uma equipe de mergulhadores está no local e não há previsão de término das buscas (elas foram suspensas durante a noite e serão retomadas no domingo)
  • 27 pessoas foram atendidas e liberadas
  • A primeira informação dos bombeiros dava conta de 20 desaparecidos, mas o número foi atualizado para 3
  • Bombeiros e Polícia Civil estão no local; a Marinha foi acionada e vai investigar a causa
  • Defesa Civil havia emitido um alerta sobre chuvas intensas na região com possibilidade de “cabeça d’água”; Marinha também investiga por que os passeios foram mantidos

Mortes

O Corpo de Bombeiros de Minas Gerais confirmou 8 mortes pelo deslizamento.

As vítimas são 3 mulheres e 4 homens, informou o delegado de Capitólio; ninguém foi identificado ainda.

Desaparecidos

O coronel dos bombeiros Edgard Estevo, disse primeiramente que a estimativa era que 20 pessoas estivessem desaparecidas. Entretanto, o tenente Pedro Aihara afirmou que seriam duas pessoas desaparecidas e que eles conseguiram contato com as outras vítimas.

De acordo com o coronel, 40 bombeiros e mergulhadores estão no local do acidente, mas as buscas estão suspensas durante a noite.

Feridos

Segundo o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, 32 pessoas foram atendidas por causa do acidente, a maioria com ferimentos leves.

Dessas, 27 foram atendidas e liberadas: 23 delas da Santa Casa de Capitólio e outras 4 da Santa Casa de São José da Barra, a 46 km de Capitólio.

Outras 4 pessoas, ao menos, seguem internadas:

  • 2 pessoas com fraturas expostas foram para a Santa Casa de Piumhi, a cerca de 23 km de Capitólio;
  • 2 pessoas seguem internadas na Santa Casa de Passos, a 74 km de Capitólio; a terceira pessoa que estava internada em Passos foi para um hospital particular – por isso, os bombeiros não têm informações sobre o estado de saúde dela.

Ninguém foi identificado até agora. Guarnições de Passos e Piumhi foram deslocadas para a região para prestar atendimento às vítimas.

Lugar turístico

A região de Capitólio e outras cidades banhadas pelo Lago de Furnas, no Centro-Oeste de Minas, é bastante procurada por turistas por sua beleza natural.

Assim como outras partes do estado, a região tem sido atingida pelas chuvas recentes: na sexta-feira (7), o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) havia emitido um alerta de chuvas intensas, que durariam até a manhã deste sábado.

Neste sábado (8), Defesa Civil de Minas Gerais havia feito um alerta sobre chuvas intensas e a possibilidade de ocorrências de “cabeça d’água’ em Capitólio, mas não há confirmação que essa foi a causa do acidente. A Marinha disse que investiga o motivo de os passeios serem mantidos.

O porta-voz do Corpo de Bombeiros de Minas, Pedro Aihara, explicou que a formação rochosa do local é do tipo sedimentar, o que torna as estruturas dos paredões frágeis, e a quantidade de chuvas agravou a situação por acelerar a erosão.

“A gente tem uma formação rochosa que é basicamente composta por rochas sedimentares, então são rochas que naturalmente têm uma resistência muito menor à atuação dos ventos, da água, dos elementos naturais que atuam sobre a região”, explicou Aihara.

“Uma outra situação que acabou infelizmente agravando foi porque a rocha cai numa trajetória perpendicular. Geralmente, quando a gente tem ruptura por tombamento, a rocha sai de uma forma mais fatiada, ela escorre por aquela estrutura e cai de uma forma ou diagonal ou então mesmo em pé. Nesse caso, como a gente teve esse tombamento perpendicular, e pelo tamanho da rocha, a gente acabou tendo essas pessoas diretamente afetadas”, explicou o bombeiro.

Para o especialista em gerenciamento de risco, Gustavo Cunha Melo, uma tromba d’água – inicialmente citada pelos bombeiros como motivo do deslizamento – pode ter agido como um gatilho para o deslizamento, mas não foi necessariamente a causa do problema.

Para Melo, a rocha se desprenderia de qualquer jeito, por causa da erosão:

“Essa rocha já estava com muita erosão, totalmente fragmentada, ela iria desabar em algum momento. A tromba d’água pode explicar o desabamento neste momento? Pode, assim como também não precisava nada – ela ia desabar em algum momento por erosão, por um processo natural”, afirmou.

Nesses casos, segundo o especialista, o gerenciamento de risco consiste em isolar o local.

“Não tem muito o que fazer nessas situações. O gerenciamento de risco é: manter distância. Você tem que isolar a área. A única gestão de risco que é feita é isolar a área. Infelizmente ali as embarcações estavam muito próximas e o desabamento aconteceu nesse mesmo momento”, explicou Melo.

O geólogo Fábio Braz, da Sociedade Brasileira de Geologia, relacionou o desprendimento das rochas às chuvas – intensas e por um longo período – e classificou o acidente como “raro”:

“Fica cada vez mais evidente que realmente as fortes chuvas contribuíram para a queda desse bloco. Esse fraturamento vertical é típico de regiões de cânion. A gente também observa nos cânions do Rio São Francisco o mesmo tipo de feição”, explicou.

“É um fenômeno raro. Não descaracteriza o apelo turístico da região de Capitólio. É preciso, sim, que sejam tomadas, a partir dessa tragédia, as precauções necessárias, as distâncias, que seja calculado por especialistas na área de geotecnia qual a distância segura desses paredões”, disse Braz.

Passageiros tentaram avisar

Um segundo vídeo mostra passageiros de uma das lanchas tentando avisar sobre o deslizamento da pedra segundos antes de ela cair.

Governador lamenta acidente

O governador de Minas, Romeu Zema (Novo), lamentou o acidente na rede social Twitter:

“Sofremos hoje a dor de uma tragédia em nosso Estado, devido às fortes chuvas, que provocaram o desprendimento de um paredão de pedras no lago de Furnas, em Capitólio. O Governo de Minas está presente desde os primeiros momentos através da Defesa Civil e Corpo de Bombeiros”, escreveu Zema.

“Os trabalhos de resgate ainda estão em andamento. Solidarizo com as famílias neste difícil momento. Seguiremos atuando para fornecer o apoio e amparo necessários”, completou.

Marinha vai apurar causas

Por meio de nota, a Marinha do Brasil informou que um inquérito será instaurado para apurar causas, circunstâncias do acidente.

A Polícia Civil de Minas informou que está no local para identificar os danos e as causas do acidente.

Condições climáticas e geológicas

Somado às chuvas intensas dos últimos dias, pesa o fato de a região ser basicamente formada por rochas que possuem uma resistência menor.

“A entrada de água nessas áreas pode fazer a rocha perder a coesão, que é a resistência interna. E pode haver uma ruptura como essa”, explicou tenente Pedro Aihara, porta-voz do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais.

Fábio Braz, da Sociedade Brasileira de Geologia, também acredita que as chuvas contribuíram para a queda.

“Essa questão das chuvas muito intensas, por períodos muito longo, [faz] o solo se encharcar. O sedimento se enxarca e não existe mais aquela penetração ao longo da superfície, então começa haver o escoamento. Outra coisa que chama atenção é esse fraturamento horizontal. Você vê que o bloco se desprende numa fratura praticamente em 90°. Você vê que começa a rachar horizontalmente na base e depois tem esse desprendimento verticalizado quando o bloco tomba”.

“Esse quartzito tem um pouco também de micas, que são alguns minerais mais impermeáveis, então a água vai penetrando por essas fraturas”, completou.

Fenômeno natural

Gustavo Cunha Melo, especialista em gerenciamento de risco, disse em entrevista que a rocha que despencou aparentava estar com muita erosão. Ele também afirma que a queda é parte de um fenômeno natural.

“Desabamento de falésias acontecem em algumas praias do nordeste. E, no caso desse cânion, são acidentes naturais, eles vão acontecer. Essa rocha estaca com muita erosão, totalmente fragmentada. Aparece uma cicatriz incrível na rocha e ali iria desabar em algum momento”, disse.

“A tromba d’água pode explicar o desabamento neste momento? Pode, assim como também não precisava nada – ela ia desabar em algum momento por erosão, por um processo natural”, afirmou.

Na opinião de Tiago Antonelli, do Serviço Geológico do Brasil, esse tipo de queda é natural em formações rochosas e acontece no país todo — e, assim como outros especialistas, também afirma que as chuvas coincidiram para a tragédia. Ele não acredita que a queda tenha relação com o fato de o lago ser artificial.

“A queda, no meu ponto de vista, está ligada a vários fatores, mas principalmente, nesta época do ano, às chuvas que percolaram as trincas e fraturas que existem. A chuva acelera tanto a formação quanto o tamanho dessas trincas. Então a trinca foi sendo percolada com água, os sedimentos foram saindo e acelerou-se os processos erosivos que culminaram na queda desse bloco”, disse.

“Esse tipo de evento é natural e ocorre aos milhares no Brasil inteiro. O que acontece é que hoje o turismo está avançando para regiões que antes não se conheciam. E hoje as pessoas estão portando celular e câmera fotográfica e, com isso, conseguem relatar esse tipo de evento e até sofrer com as consequências. Mas, no meu entendimento, é um evento natural que acontece aos montes no Brasil inteiro”, completou.

Aihara corrobora com o que disse Antonelli. Ele também afirmou que o desmoronamento de rochas é comum em Capitólio, mas o que agravou a situação foi o tamanho e modo como as pedras caíram. “Nesse caso, como a gente teve esse tombamento perpendicular, e pelo tamanho da rocha, a gente acabou tendo essas pessoas diretamente afetadas”, disse. Geralmente, esse tipo de desmoronamento acontece com as rochas caindo até mesmo “de pé”, e não perpendicular, como foi neste acidente.

Mapeamento de riscos

Segundo Joana Paula Sanchez, especialista em turismo geológico e professora da Universidade Federal de Goiás, a existência de um mapeamento técnico da região poderia ter evitado que pessoas estivem tão próximas de uma área de risco.

“Nessa região, que tem muito quartzito, que sofreu uma deformação, é comum que essas rochas sejam fraturadas. Cair um paredão de pedras não é tão comum, mas pode acontecer”, afirmou.

Para Sanchez, as mortes poderiam ter sido evitadas caso existisse um mapeamento geológico da região — e que essas informações fosse usadas para que autoridades impedissem barcos e turistas chegassem tão próximo das pedras, principalmente em época de chuvas.

“O que acontece hoje em dia é que a gente não tem mapeamento geológico, nesses locais, de uso turístico. É muito raro existir uma análise geotécnica, uma análise por um geólogo, de riscos desses locais”, disse.

“A gente não tem, nos espaços turísticos, um mapeamento geológico técnico. E falta mesmo. Faltam profissionais, mas falta muito mais as gestões públicas saberem que o geólogo não é só para mineração. A gente trabalha também com risco de acidente. Esse acidente poderia ter sido evitado, sim. Esse bloco já estava se deslocando da parede, dá pra ver que ele já estava fraturado.”

O prefeito de Capitólio, Cristiano Silva, disse em entrevista que nenhuma norma impedia as lanchas de estar naquele local, próximas do paredão. Segundo ele, o que não pode é atracar no cânion para que os banhistas entrem na água.

Formação geológica

Conhecido como “Mar de Minas”, o Lago de Furnas é um dos maiores lagos artificiais do planeta. A região é formada por seus famosos cânions e águas navegáveis. Antes da chegada da água, haviam diversas fazendas que agora estão submersas.

Sanchez explicou sobre a formação rochosa da região:

“As rochas que ocorrem em Capitólio são rochas quartzitas. Não são rochas sedimentares, são metamórficas, são mais duras. O que acontece é que a região sofreu deformações, que geraram todas essas fraturas e falhas que a gente enxerga. A gente enxerga as rochas muito fraturadas, cheia de espaços vazios — e foi um desses espaços grandes que fez ceder esse bloco.”

Antonelli também falou sobre a formação dessas rochas:

“A rocha que compõe esses paredões é formada por grãos de areia. Essa areia, ao longo do tempo, com temperatura, com pressão, ela formou a rocha e, agora, com os processos erosivos — e com as chuvas, com os ventos —, ela volta a ser areia. É uma rocha que é frágil, que é mais suscetível a ocorrer evento que vimos em Capitólio.”

 

* Matéria atualizada às 11h43 de domingo (9), pela reportagem do Marília do Bem

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