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Tecnologia pela tecnologia não pode ser considerada arte

Luli Radfahrer se refere à arte imersiva, que tende a fazer uso excessivo da tecnologia, nem sempre com bons resultados, uma vez que passa a “pensar” pelo espectador ler

11 de junho de 2022 - 19:00

O tema desta edição da coluna Datacracia é arte imersiva, que se beneficia da ampla tecnologia (realidade virtual, realidade aumentada etc.) ao alcance dos artistas para levar sua mensagem ao público. O problema, para Luli Radfahrer, está na abordagem, que é a da tecnologia pela tecnologia, “aquilo que a gente chama de tecnofilia – a embalagem é tão mágica que pouco importa o presente lá dentro”.

Ou seja, nem sempre uma exposição de arte imersiva cumpre o papel de fazer arte e de fazer o público refletir sobre aquilo que está vendo, pois “elas são tão mágicas que o indivíduo não pensa, apenas consome”. O resultado é que se passa a ter uma relação diferente com a ideia de arte, na medida em que se espera que o objeto artístico assuma o trabalho de pensar, papel que caberia ao espectador. “Aquilo que poderia expandir todo o universo da arte acaba restringindo”, completa o colunista.

No mais, Radfahrer observa que toda tecnologia precisa de “uma estrutura boa, uma ideia por trás, um roteiro bom. Você tem filmes de ficção científica que têm uns efeitos incríveis, mas as histórias são fracas”. É preciso usar bem a arte, argumenta ele. “O meu medo é quando o indivíduo, ao carregar a mão na arte, perde a função da arte.”

Radfahrer cita, como exemplo, os filmes em preto e branco colorizados por computador, uma técnica que, opina, nada acrescenta à obra original, é apenas pirotecnia. E pirotecnia demais deixa de ser arte para passar a ser decoração, cenografia, nada mais do que puro entretenimento. Ele conclui: “Arte não foi feita para ser entretenimento, arte foi feita para provocar, para estimular, para levar o indivíduo a questionar o mundo. E arte tecnológica, se ela faz isso, é extremamente bem-vinda”.

Fonte: Jornal da USP

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