Um estudo publicado na revista científica Nature Communications revelou que mais da metade dos rios brasileiros estão sofrendo redução no fluxo por conta da percolação da água para aquíferos subterrâneos.

Percolação refere-se ao movimento da água através do solo. Ela se infiltra nas camadas mais profundas da terra, chegando ao lençol freático. 

A pesquisa constatou que de 17.972 poços, de todo o território brasileiro, 55,4% deles apresentam níveis de água abaixo da superfície dos rios mais próximos. Isso favorece a percolação da água para o subsolo, tornando esses rios perdedores de fluxo de água.

Diante disso, revela-se que o principal motivo desse fenômeno é o bombeamento de águas subterrâneas para irrigação. Ademais, foi apontado que mais de 88% dos poços operam em condições ilegais, sem regulamentação e fiscalização do poder público na obtenção dessas águas subterrâneas.

Nesse cenário, de acordo com autor do estudo, professor de hidrologia e recursos hídricos na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Hidráulica e Saneamento da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (EESC-USP),  as áreas mais afetadas, devido a condições climáticas e intensa atividade agrícola, incluem:

• Bacia do Rio São Francisco e a região do Matopiba, a qual abrange Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, altamente dependentes das águas subterrâneas
• Bacia do Rio Verde, a qual 74% dos rios já possuem perda de fluxo.
• Bioma Cerrado, o qual abriga aquíferos, como o Aquífero Guarani.

Assim, os impactos da superexploração das águas subterrâneas podem ser diversos, tal como: comprometimento da vazão dos rios; insegurança alimentar, energética e hídrica, além da possibilidade de afundamento do solo e colapso da superfície.

Além disso, o estudo aponta que sem nenhuma atitude tomada, a perda do fluxo dos rios pode comprometer o equilíbrio hídrico do Brasil.

Dessa forma, soluções são apontadas para mitigar o problema. Os pesquisadores sugerem monitoramento e regulamentação eficiente; tecnologias de sensoriamento remoto; alternativas sustentáveis para irrigação.

Redator: Maísa Faria

Revisor: Karini Yumi

Reprodução de Imagem: G1

Maísa Faria Pereira Graduanda no curso de Relações Internacionais na Universidade Estadual Paulista - campus de Marília. Membro do Laboratório de Realidades Virtualizadas da Unesp de Marília.