No início da tarde de ontem (08), fumaça branca emergiu da chaminé instalada sobre a Capela Sistina, indicando que os 133 cardeais reunidos chegaram a decisão de um novo papa. A decisão ocorreu após a terceira votação do dia, que também foi a quarta votação geral iniciada na quarta-feira (07). Pouco mais de uma hora após a sinalização, da sacada central da Basílica de São Pedro, no Vaticano, o catedral norte-americano Robert Francis Prevost foi apresentado ao mundo como 267º papa da Igreja Católica.

O novo pontífice, que escolheu o nome Leão XIV, iniciou o discurso “A paz esteja convosco”. Prosseguiu com uma homenagem ao Papa Francisco, agradecendo-o por seus feitos e afirmando que a voz corajosa do falecido seguirá em “nossos ouvidos”. Em seguida, agradeceu aos cardeais do conclave que o elegeram:

“Para ser o sucessor de Pedro e caminhar com vocês, como Igreja unida, sempre em busca da paz e da justiça, buscando trabalhar como homens e mulheres fiéis a Jesus Cristo, sem medo, para proclamar o Evangelho e sermos missionários”.

O papa deu seguimento a benção “Juntos, sem medo, de mãos dadas com Deus, que está entre nós, vamos seguir”, falou a multidão em espanhol, agradecendo a diocese peruana de Chiclayo, na qual foi administrador apostólico e, por fim, relembrou que o dia (08) marca a prática devocional de súplica a Nossa Senhora de Pompeia.

O lema episcopal do novo papa é In Illo uno unum (“Em um só, nós somos um”), expressão retirada de um sermão de Santo Agostinho sobre o Salmo 127. Com essas palavras, o santo explicava que, embora os cristãos sejam muitos, todos se tornam um só no Cristo único.

Histórico

Robert Francis Prevost nasceu em 14 de setembro de 1955 e é natural de Chicago, com ascendência francesa, italiana e espanhola. Ingressou no noviciado em 1977, na Ordem de Santo Agostinho na província de Nossa Senhora do Bom Conselho, em Saint Louis. Fez sua primeira profissão religiosa no ano seguinte e, em 29 de agosto de 1981, emitiu seus votos solenes.

Formou-se em teologia pela Catholic Theological Union, em Chicago, e, aos 27 anos, foi enviado a Roma para estudar direito canônico na Pontifícia Universidade de Santo Tomás de Aquino. Foi ordenado sacerdote em 19 de junho de 1982, concluiu a licenciatura em 1984 e, no ano seguinte, foi enviado para a missão de Chulucanas, em Piura, no Peru. Em 1987, obteve o doutorado com a tese “O papel do prior local na Ordem de Santo Agostinho” e, no mesmo ano, foi nomeado diretor de vocações e das missões da província agostiniana Mãe do Bom Conselho, em Olympia Fields, Illinois.

Seguiu novamente em missão ao Peru em 1988, desta vez para Trujillo, onde coordenou um projeto de formação conjunta para aspirantes agostinianos dos vicariatos de Chulucanas, Iquitos e Apurímac. Durante sua permanência ali, exerceu as funções de prior da comunidade, diretor de formação e professor dos que professam. Na arquidiocese de Trujillo, atuou também como vigário judicial por quase uma década (1989–1998) e lecionou direito canônico, patrístico e moral no Seminário Maior San Carlos e San Marcelo.

Foi eleito prior provincial da Província Agostiniana “Mãe do Bom Conselho”, sediada em Chicago, em 1999. Dois anos e meio depois, durante o Capítulo Geral Ordinário da Ordem de Santo Agostinho, foi escolhido por seus coirmãos para exercer a função de prior geral, cargo para o qual foi reconduzido em 2007, iniciando assim seu segundo mandato à frente da ordem.

Em outubro de 2013, Prevost retornou aos Estados Unidos, à sua província agostiniana em Chicago, onde assumiu o cargo de diretor de formação no convento de Santo Agostinho. Simultaneamente, atuou como primeiro conselheiro e vigário provincial até ser nomeado administrador apostólico da diocese peruana de Chiclayo pelo Papa Francisco, em 3 de novembro de 2014. Com essa designação, foi elevado à dignidade episcopal como bispo titular de Sufar. Ingressou na diocese poucos dias depois, em 7 de novembro, sendo recebido pelo núncio apostólico James Patrick Green, que o ordenou bispo em 12 de dezembro, durante a celebração de Nossa Senhora de Guadalupe na Catedral de Santa Maria.

Em 26 de setembro de 2015, foi oficialmente nomeado bispo de Chiclayo por Francisco. Durante seu episcopado, desempenhou papel de destaque na Conferência Episcopal Peruana em março de 2018, integrando o seu Conselho Econômico e presidindo sua Comissão de Cultura e Educação. Ainda na conferência, foi eleito segundo vice-presidente da mesma.

Foi nomeado pelo pontífice como membro da Congregação para o Clero em 13 de julho de 2019, e, em 2020, passou a integrar a Congregação para os Bispos. No mesmo ano, foi designado administrador apostólico da diocese de Callao, no Peru. Em 30 de janeiro de 2023, foi chamado a Roma para exercer a função de prefeito do Dicastério para os Bispos e presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina, sendo elevado à condição de arcebispo. Em setembro de 2023, foi tornou-se cardeal, recebendo o diaconato de Santa Mônica.

Tomou posse como prefeito em 28 de janeiro de 2024 e, desde então, acompanhou o papa em diversas viagens apostólicas. Também teve participação ativa em duas sessões da 16ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre a Sinodalidade, realizadas em outubro de 2023 e 2024, em Roma. Sua trajetória culminou, em 6 de fevereiro de 2025, com a promoção à ordem dos bispos, recebendo o título da Igreja Suburbicária de Albano.

Revisão: Ester Laís Costa Aquino

Reprodução Imagem: REUTERS/Guglielmo Mangiapane

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