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Regime sem fins lucrativos como via de sobrevivência para o jornalismo independente
Carlos Eduardo Lins da Silva comenta sobre mudanças no modelo de negócios da revista “Piauí” e o regime sem fins lucrativos como possível via de sobrevivência do jornalismo independente ler
A revista Piauí anunciou, no início deste mês, mudanças na gestão e que se tornará uma entidade sem fins lucrativos. O veículo irá sustentar sua publicação através da doação do seu fundador, João Moreira Salles, de cerca de R$ 350 milhões para o fundo patrimonial do Instituto Artigo 220. “A mudança representa muito para o jornalismo brasileiro”, comenta Carlos Eduardo Lins da Silva, jornalista, professor e colunista de Horizontes do Jornalismo.
Lins explica que o fundo deverá se manter intacto e a doação representará, para a sobrevivência da revista, gastos baseados nos rendimentos feitos sobre esse valor principal. “Se calcula que seja de R$ 10 a R$ 12 milhões por mês. É com essa quantia que a revista vai se manter, mais aquilo que ela conseguir gerar com assinaturas, vendas avulsas e publicidade”, comenta. Para o professor, com esse valor, a revista consegue garantir sua autonomia e preservação.
O modelo de negócios adotado pela Piauí é muito diferente dos outros e, de acordo com Lins, o único precedente desse modelo é o jornal britânico The Guardian. Lins ainda comenta que o modelo é viável para ser adotado em outros veículos de comunicação. “Há outras instituições jornalísticas que não têm fins lucrativos e que vivem há muito tempo, como a revista Mother Jones, nos Estados Unidos”, comenta. Por fim, Lins avalia que o jornalismo sem fins lucrativos pode ser uma das saídas para a sobrevivência do jornalismo independente.
Disponível em: A coluna Horizontes do Jornalismo, com o professor Carlos Eduardo Lins da Silva, vai ao ar toda segunda-feira às 9h00, na Rádio USP (São Paulo 93,7 FM; Ribeirão Preto 107,9 FM).