O governador de Belgorod informou que continuam os combates na região russa, que tem sido alvo de incursões de grupos armados “anti-Putin”. De acordo com Vyacheslav Gladkov, foram “numerosos” os ataques durante a madrugada desta quarta (24). O Kremlin acusa as Forças Armadas da Ucrânia de atacarem o território russo e de usarem armamento norte-americano, mas os Estados Unidos rejeitam qualquer envolvimento ou “encorajamento” de ataques à Rússia.

“A noite não foi muito tranquila. Houve muitos ataques de drones. A defesa antiaérea interceptou grande parte deles”, escreveu Gladkov no Telegram, acrescentando que esses ataques danificaram veículos, casas e prédios públicos, mas sem causar vítimas.

Segundo ele, também houve destruição em Grayvoron, provocando “pequeno incêndio”. A região está, por isso, sem fornecimento de energia.

“Existem mais de 550 pessoas em centros de alojamento temporário no distrito de Graivoronsky em Stary Oskol, Rakitny, Ivne e Stroitel. Espero também que assim que as forças de segurança concluírem a limpeza do território e o permitirem, elas possam regressar às suas casas”, afirmou ainda Gladkov.

No início da manhã desta quarta-feira, o governador disse, em outra publicação na plataforma digital, que os arredores da vila de Terezovk, também na região de Belgorod, “foram bombardeados pelas Forças Armadas da Ucrânia”, deixando pelo menos um ferido.

De acordo com o jornal russo Kommersant, ontem já tinha sido destruído em um ataque o edifício da administração do distrito de Graivoron, em cuja capital habitam cerca de 6 mil pessoas. Segundo a mesma fonte, uma coluna com até dez blindados e veículos inimigos penetrou na segunda-feira em território russo, por meio de uma passagem fronteiriça destruída pela artilharia ucraniana na localidade de Kozinka.

Só na tarde de segunda-feira, depois de terem retirado os moradores da área, é que os guardas fronteiriços e as unidades do Serviço Federal de Segurança e da Guarda Nacional russos começaram a fazer o inimigo recuar.

O Ministério da Defesa russo declarou, ao fim desta terça-feira, ter aniquilado todos os sabotadores.

“Os grupos armados nacionalistas foram cercados e eliminados. Foram liquidados mais de 70 terroristas ucranianos”, escreveu o porta-voz da Defesa, Igor Konashenkov, em sua coluna diária sobre a guerra.

Gladkov acredita que se tratam de sabotadores das Forças Armadas da Ucrânia, mas um representante do Diretório de Serviços Secretos Militares ucranianos assegurou que por detrás desses ataques estavam dois grupos de russos que combatem ao lado de Kiev: o Corpo de Voluntários Russos e a Legião Liberdade para a Rússia, que, na própria segunda-feira, reivindicaram a responsabilidade do ataque.

A Legião indicou, entretanto no Telegram, ter destruído uma companhia motorizada do Exército russo, além de um número indeterminado de agentes do Serviço Federal de Segurança (FSB, antigo KGB).

EUA rejeitam encorajamento de ataques

Depois dos primeiros ataques à região transfronteiriça, o Kremlin divulgou imagens de veículos militares ocidentais abandonados ou danificados, incluindo veículos todo-o-terreno Humvee fabricados nos Estados Unidos.

Não rejeitando a possibilidade de a incursão ser orquestrada por Kiev, Washington assegurou que não “encorajou ou permitiu ataques dentro da Rússia”.

Um porta-voz do Departamento de Estado reconheceu que há relatos “que circulam nas redes sociais e  em outros lugares” de que armas fornecidas pelos EUA foram usadas. Ele disse estar “cético neste momento quanto à veracidade dos relatos”.

Em entrevista, Mathew Miller afirmou que “cabe à Ucrânia decidir como conduzir esta guerra”.

*Com informação da RTP – Moscou