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Questão religiosa está ligada à vida íntima das pessoas

Renato Janine fala do atentado contra o humorístico Porta dos Fundos e lembra que vivemos numa sociedade laica, que separa o público do privado ler

06 de fevereiro de 2020 - 14:30

Na primeira coluna Ética e Política de 2020, o professor Renato Janine Ribeiro comenta o atentado contra a produtora do humorístico Porta dos Fundos, ocorrido no final do último mês de dezembro. O programa fez um vídeo em que Jesus é retratado como gay, fato que causou incômodo em muitas pessoas.

O colunista diz que, em uma sociedade democrática, esse tipo de expressão é livre e aceitável porque a questão religiosa está ligada à vida íntima das pessoas. Ele lembra que a sociedade laica separou a parte pública – em que convivemos com as nossas diferenças – da parte privada – em que eu creio em Deus e você não, ou eu creio em um Deus e você, em um outro. E isso não é um problema, pois deve haver respeito mútuo nas relações. Mas essa reciprocidade não significa que as pessoas devam deixar de fazer algumas coisas porque incomoda alguns – a menos que efetivamente cause algum dano às outras pessoas. “Simplesmente ser incomodado por algo não é suficiente para a gente calar a boca de quem incomoda”, diz o colunista.

Para Renato Janine, estamos vivendo em uma sociedade mais intolerante, onde o ódio, o conflito e a agressão se tornaram maiores. Ele também lembra das fake news, que divulgam muitas coisas falsas e absurdas via WhatsApp. “A falta de espírito crítico por parte de quem recebe esse tipo de coisa e a falta de decência de quem expressa certas calúnias e difamações criam um verdadeiro barril de pólvora. Nós estamos em uma situação no Brasil em que a qualquer momento tudo isso pode explodir”, alerta. Para o colunista, é preciso reaprender a conversar, a dialogar, e aqueles que não sabem fazer isso precisam aprender a fazê-lo.

Fonte: A coluna Ética e Política, com o professor Renato Janine Ribeiro, vai ao ar toda quarta-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7 FM; Ribeirão Preto 107,9 FM) e também no Youtube, com produção do Jornal da USP e TV USP.

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