Putin e Zelenski recorrem a alegorias históricas da Segunda Guerra Mundial
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Putin e Zelenski recorrem a alegorias históricas da Segunda Guerra Mundial
Russo diz que missão de suas tropas é derrotar o nazismo de Kiev, enquanto ucraniano compara ações de Moscou às de Hitler ler
Às vésperas da celebração da data em que os Aliados derrotaram a Alemanha de Adolf Hitler na Segunda Guerra Mundial, Vladimir Putin e Volodimir Zelenski usaram a memória histórica em discursos públicos para mobilizar apoio.
O presidente da Rússia afirmou que seus soldados, assim como os antepassados da União Soviética, lutam para “livrar a pátria da sujeira nazista”, alusão clara às alegações de que é preciso “desnazificar” a Ucrânia, apresentadas por ele desde o início como uma das justificativas para invadir o vizinho e contestadas por especialistas.
Já seu homólogo ucraniano comparou as ações russas a dos nazistas. Em um vídeo recheado de referências históricas, disse que Moscou faz uma “encenação sangrenta, uma repetição fanática do nazismo”, e acrescentou que a Rússia parece querer tomar o protagonismo nazista da histórica como um dos maiores males da história humana.
Putin falava a territórios aliados de Moscou —como a ditadura da Belarus, os separatistas da Trandsnístria, na Moldova, o governo do Cazaquistão e as autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Lugansk, no Donbass, leste ucraniano—, em discurso relacionado ao Dia da Vitória, que é celebrado hoje (9).
Zelenski, por sua vez, usando uma camisa com a frase “eu sou ucraniano” em inglês e parado na frente de prédios bombardeados, usava a data do Dia da Memória e da Reconciliação para mobilizar não apenas o povo de seu país, como também de outras nações. Fez referências, entre outros, ao Reino Unido, à Polônia e à França.
O líder do Kremlin disse que como em 1945, os russos novamente vencerão. E seguiu: “Hoje o nazismo volta a levantar a cabeça; nosso dever é frear os sucessores ideológicos dos que já foram derrotados”.
O presidente ucraniano, em fala de mais de 10 minutos, disse que “o mal voltou à Ucrânia”. “Décadas após a Segunda Guerra, a escuridão voltou. Com uniforme e slogans diferentes, mas com o mesmo propósito: uma sangrenta reconstrução do nazismo na Ucrânia.”
In a video released by Zelensky in Borodyanka for May 8, Ukraine’s Day of Remembrance & Reconciliation, he asks, “never again? Try telling Ukraine that.” He draws comparisons between Ukraine fight against Russia to WW2 fight against fascism. Air raid sirens sounded as he posted. pic.twitter.com/J8qOzzWuOA
— Christopher Miller (@ChristopherJM) May 8, 2022
O 74º dia de conflito também foi marcado por afirmações de autoridades de Lugansk de que uma escola que servia de abrigo para cerca de 90 pessoas foi destruída após um bombardeio. Ao menos 60 ainda estariam desaparecidos nos escombros, e o governador regional, Serguei Gaidai, afirmou que, provavelmente, todos estão mortos.
Ele disse que socorristas do vilarejo de Bilogorivka tiveram dificuldade para trabalhar durante a madrugada porque os ataques não cessaram —ao contrário, aumentaram quando as luzes dos arredores foram acesas para facilitar as buscas por possíveis sobreviventes.
Gaidai também disse que tropas ucranianas deixaram Popasna, palco de intensos bombardeios ao longo das últimas semanas. O local estaria “completamente destruído”. Mais cedo, o ditador da Tchetchênia, Ramzan Kadirov, aliado de Moscou, disse que suas tropas haviam assumido o controle da maior parte da cidade.
Do lado russo, o Ministério da Defesa alegou ter destruído com mísseis um navio de guerra da Marinha ucraniana perto de Odessa. A pasta também diz ter derrubado dois caça-bombardeios ucranianos SU-24 e um helicóptero de ataque Mi-24 na ilha de Cobra, no mar Negro, informações que não puderam ser confirmadas de forma independente.
Fonte: Mundo – Folha de São Paulo