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Procura-se um líder
A cidade de Marília precisa de um líder mais afeito à gestão e menos ao palanque ler
Vivemos em uma época de paradoxos. Ao mesmo tempo em que precisamos resolver problemas urgentes e complexos, temos à disposição líderes medíocres. Estamos diante da mais longa estiagem de líderes na história recente.
Líder mesmo, na acepção da palavra, é aquele sujeito capaz de ter um olhar global sobre nossa realidade local e, dessa maneira, alinhar os destinos da cidade às melhores tendências contemporâneas.
É quem saiba elaborar e executar planos de longo prazo; comunicar-se de forma simples e transparente; que faça seu coração animar-se com justiça social; que esteja comprometido com o desenvolvimento econômico e político institucional; que tenha empatia; e que sua natureza seja colaborativa.
O líder, hoje, é aquele que tem a capacidade de coordenar em rede, delegando poder. Ele precisa ter o dom de inspirar e seduzir pessoas na defesa de boas causas, dedicar-se, verdadeiramente, à coletividade, afastando da ação pública projetos personalistas, demagogos.
A mágica de um grande líder reside na habilidade em conduzir equipes, projetos, ideias… ser maestro. É alguém com capacidade de aglutinar, acomodar as coisas e as pessoas para o bem comum.
É aquele que chamamos de Estadista, que pensa nas próximas gerações e não nas próximas eleições.
Alguém com tais atributos já surgiu para vencer as próximas eleições deste ano e liderar a Prefeitura de Marília até 2024?
Até o momento, temos dois “líderes” declarados e dispostos a esta tarefa: o atual prefeito Daniel Alonso e o ex-prefeito Abelardo Camarinha.
O ex-prefeito Camarinha tem à sua disposição uma rede de apoio elástica: tem grupo, história e experiências para o bem e para o mal. Eleitoralmente mantem fiéis a si uma média de 35% dos votos válidos.
Gostem ou não, Camarinha tem projeto de cidade. Aliás, a estrutura de poder existente hoje na prefeitura foi elaborada e implementada por ele.
Vários prefeitos assumiram o cargo declarando-se oposição a Camarinha, mas nenhum deles foi capaz de desarticular o jeito de fazer política cimentado nas instituições públicas locais pelas sua mente e suas mãos.
O prefeito Daniel Alonso foi eleito prometendo por fim à era Camarinha. Como de praxe, não cumpriu suas promessas. Principalmente, porque escolheu ser maestro da orquestra sinfônica “abelardiana”.
E nesta função, segundo Abelardo: “Rouba e não faz”. Ou seja, fracassou. Só conseguiu fazer os marilienses reviverem o passado como um mal menor.
O último debate entre ambos pelas redes sociais é prova cabal desta realidade: Camarinha criticou, fez acusações pessoais, aglutinou seus seguidores e trouxe o prefeito Daniel para seu octógono preferido, onde é imbatível.
Em épocas trágicas como vivemos, grandes líderes reduzem a oposição a pó. Daniel “mordeu a isca” e decidiu partir para o confronto nas regras “abelardianas” do jogo. Trouxe para a ordem do dia a candidatura de Camarinha. Ao invés de desmontar sua equação de poder, vai reforçá-la.
O resultado final deste confronto demonstrará que continuamos sem líderes e sem boas propostas para a solução dos nossos problemas comuns.
Procura-se um líder. Onde estás?