O Comitê de Enfrentamento à Covid-19 (doença causada pelo novo coronavírus, Sars-CoV-2) decidiu manter o município de Marília na “Fase 2 (laranja)” do Plano São Paulo por mais sete dias.

De acordo com o prefeito Daniel Alonso (PSDB), em entrevista coletiva logo após a reunião, a decisão foi tomada pela maioria dos membros, que optou em seguir a recomendação da área médica devido ao aumento significativo de casos e de óbitos nos últimos dias.

A liminar concedida pelo TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) garantiu ao município a autonomia para adotar a flexibilização, levando em consideração os dados e critérios especificados pelo decreto do governador João Doria (PSDB) que instituiu o Plano São Paulo.

Segundo um levantamento do Marília do Bem, o critério de “Evolução da Pandemia”, que aplica uma fórmula matemática com média ponderada sobre os aspectos de taxa de contaminação, internações e óbitos, a cidade teria hoje a nota 1, sendo classificada na Fase 1 (vermelha), com a maior restrição para abertura de atividades comerciais consideradas não essenciais.

Alonso afirmou que, apesar da cidade de Marília ter essa autonomia para definir a classificação do município no Plano São Paulo, isso será feito com “total transparência” e responsabilidade, levando-se em conta os critérios estabelecidos pelas autoridades.

Essas autoridades colocam Marília na Fase 2 (laranja), mas sem especificar quais dados são levados em conta, com relação ao cálculo citado pelo Plano estadual e permitido pela liminar.

“Este é o momento que precisamos regredir e pensar na preservação de vidas. Ninguém mais do que eu quero ver tudo aberto e funcionando, mas nesses últimos dias houve um aumento significativo de casos e de óbitos. Mesmo a Justiça dando essa autonomia para Marília decidir a sua classificação, hoje estamos na Fase 2, ou seja Laranja, o que foi deliberado pelo nosso Comitê”, disse Daniel.

Na Fase 2 (laranja), Marília terá o controle para a abertura de imobiliárias, concessionárias, escritórios, comércio não essencial, shopping centers, indústrias e construção civil. Já os prestadores de serviços, como os salões de beleza, bares, restaurantes e academias continuam de fora da flexibilização.

“A culpa está na própria população”

Enquanto citava os dados dos novos óbitos registrados nesta terça-feira (16), o prefeito Daniel isentou comércio e serviços desse avanço da pandemia na cidade e declarou que a culpa seria da própria população que não respeita as determinações do isolamento.

“Para nós, a culpa não está no comércio, a culpa não está nos restaurantes. Até porque os restaurantes, os comerciantes, estão tendo todos os cuidados protocolares com relação à proteção das pessoas. Infelizmente, a culpa está na própria população que vem, muitas vezes às ruas de forma desnecessária, vem a família inteira, uma vez que a recomendação é uma pessoa só, e inclusive com pessoas do grupo de risco, muitos idosos nas ruas”, afirmou Alonso.

O Prefeito Daniel concordou que, atualmente, a maior preocupação é com as aglomerações de pessoas em festas comunitárias e em chácaras, o que dificulta o trabalho da fiscalização.

“Hoje o comércio está funcionando e bem, pois todos entenderam a necessidade da proteção, com o uso de máscaras, de álcool em gel e de se manter o distanciamento. O nosso problema maior está sendo a aglomeração em chácaras particulares e festas comunitárias, onde o trabalho de fiscalização fica prejudicado. As pessoas precisam se conscientizar que a doença é séria e que essas aglomerações facilitam o contágio, podendo contaminar uma família inteira. Existe a necessidade imediata de uma maior conscientização dessas pessoas para evitar essas festas e, consequentemente, aglomerações”, afirmou o prefeito.

Sobre os indicadores que estão sendo tratados no momento, a Supervisora de Vigilância Epidemiológica Alessandra Arrigoni ressaltou que esses dados mais recentes se referem a 15 dias atrás e não da abertura do comércio, levando em consideração a dinâmica epidemiológica da Covid-19.

“Os dados são reflexo de 15 dias atrás. Isso que está acontecendo agora não é reflexo da abertura do comércio. É muito importante que as pessoas entendam as dinâmicas epidemiológicas, que a gente vem comentando em todas as entrevistas, isso é sim um dado epidemiológico”, explicou Alessandra.

Comparação

O prefeito ainda destacou que a região de Marília está entre as melhores do Estado, principalmente em relação às mais próximas, como Bauru, Araraquara e Presidente Prudente, com os índices mais baixo de casos (notificações e óbitos). Entretanto, não faz uma comparação com a cidade de São Paulo, também estipulada pela liminar como parâmetro para a “autonomia”.

“Os nossos números continuam melhores que as outras regiões mais próximas, mas temos que ficar atentos. Esse momento é de cautela e a população tem que ser a nossa maior fiscal. Se todos se conscientizarem do que precisa ser feito, conseguiremos vencer essa pandemia. A nossa fiscalização, em parceria com a Vigilância Sanitária e com a Polícia Militar, tem feito a sua parte, mas repito, os maiores fiscais têm que ser os próprios cidadãos”, explicou.

Óbitos

Daniel Alonso lamentou os óbitos confirmados em Marília e pediu para as marilienses tomarem os cuidados necessários, adotar a proteção necessária e evitar aglomerações:

“A gente lamenta muito a perda de uma vida e somente nas últimas 24 horas foram três óbitos. Isso é muito triste e me solidarizo com essas famílias, pedindo a Deus que conforte a todos. (…) Esse vírus é muito contagioso e a doença é grave. Todos precisam estar atentos e, principalmente, evitar aglomerações”.

A íntegra da coletiva de imprensa está disponível no vídeo abaixo, publicado nas redes sociais oficiais da Prefeitura de Marília: