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Preço do café dispara e assusta consumidores: entenda o porquê
O preço do café dispara e pesa diretamente no bolso do consumidor ler
Nas últimas décadas, o café, bebida indispensável na mesa de milhões de brasileiros, tem enfrentado desafios cada vez maiores. Recentemente, o preço do grão disparou, resultado de uma combinação de fatores climáticos, econômicos e sociais que estão influenciando o setor cafeeiro.
Por que o café está mais caro?
De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o café acumulou alto de quase 33% nos últimos 12 meses. Essa elevação vertiginosa reflete uma realidade desafiadora: o impacto das mudanças climáticas nas atividades.
Nos primeiros meses de 2024, regiões tradicionais de cultivo, como Minas Gerais e São Paulo, enfrentaram períodos prolongados de seca e calor extremo, comprometendo severamente a produção.
Segundo especialistas, o calor excessivo e a falta de chuvas durante a florada, cruciais para o desenvolvimento dos vegetais, resultaram em abortos florais e enfraquecimento das plantas. “Uma vez que o cafezal não tem folha suficiente, ele não faz fotossíntese, comprometendo a qualidade e quantidade dos frutos”, explica Carlos Henrique, pesquisador da Embrapa Café.
Além disso, a supervisão de regras, como a broca do café, e o aumento de doenças causadas pelo calor são agravantes que encarecem ainda mais a produção. Essas condições elevam os custos de manejo e impactam diretamente o preço final ao consumidor.
Impactos na produção e economia
O Brasil, maior produtor mundial de café, viu sua safra sofrer duas consecutivas. Dados da consultoria Safras & Mercado apontam que a produção de arábica, principal variedade de colheita no país, deverá recuar 15% na safra de 2025/26, totalizando 38,35 milhões de sacas. Essa redução se soma ao aumento dos custos de produção e à diminuição da qualidade dos grãos, enviada aos preços no mercado interno e externo.
Para os pequenos produtores, responsáveis por cerca de 80% da produção global, a situação é especialmente crítica. Muitos já não possuem recursos para adaptar seu trabalho às condições climáticas extremas, ou que os levam a abandonar a cafeicultura ou migrar para outras culturas.
Adaptação e futuro incerto
Segundo o IPCC, até 2050, metade das áreas de cultivo de café atualmente utilizadas poderão se tornar inviáveis devido às mudanças climáticas. Em estados como Minas Gerais e São Paulo, já existem projeções de que, com o aumento de 3°C na temperatura média, mais de 70% das áreas de plantio se tornem impróprias.
Por outro lado, regiões no Sul do Brasil, menos afetadas pelas perdas devido ao aquecimento, poderiam expandir sua produção. No entanto, essa transição exige investimentos elevados em infraestrutura e manejo agrícola, nem sempre viáveis para pequenos produtores.
Além disso, iniciativas como o desenvolvimento de variedades mais resistentes ao calor, conduzidas por instituições como o World Coffee Research Institute, podem ajudar a mitigar parte dos impactos. Contudo, a implementação dessas soluções ainda está em estágio inicial e enfrenta desafios logísticos e financeiros longos.
Como o consumidor sente o impacto
Para o consumidor final, o reflexo é claro: os preços nas prateleiras estão em alta. Em dezembro de 2024, o pacote de 1 kg de café foi vendido, em média, por R$ 48,57, um aumento significativo em comparação aos R$ 35,09 registrados no início do ano.
A alta no preço do café também pressionou outros setores da economia, como cafeterias e a indústria de alimentos, que dependem do grão como insumo.
Enquanto os preços sobem e consumidores sentem o peso no bolso, os produtores lutam para se adaptar a um futuro incerto. Investimentos em tecnologia, práticas sustentáveis e políticas públicas podem ser a chave para reverter essa tendência e garantir que o café continue ocupando um lugar de destaque na cultura e na economia brasileira, mas ainda é algo que deverá impactar de forma direta o nosso Brasil.
Redação: Guilherme Silva Domingues
Revisão: Ruan Cezar S. Barboza
Reprodução de Imagem: Sam_Medeiros / FLICKR