Poluição do ar pode afetar desenvolvimento de bebês ainda em sua formação
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Poluição do ar pode afetar desenvolvimento de bebês ainda em sua formação
Paulo Saldiva cita estudos que demonstram os efeitos da poluição sobre o feto, num momento em que, uma vez mais, prioriza-se o transporte individual em detrimento do coletivo ler
Em sua coluna desta semana, Paulo Saldiva fala sobre as recentes evidências que dão conta de que a poluição do ar que inalamos nas ruas pode afetar o desenvolvimento de bebês, especialmente no espaço intrauterino. Estudos realizados na Universidade de São Paulo demonstraram alterações de fluxo placentário, uma vez que a poluição atravessa a placenta e chega ao feto, e este, uma vez exposto à poluição, apresenta algumas alterações.
Por outro lado, um trabalho feito pela Unicamp, em parceria com a Faculdade de Medicina da USP e a Universidade de Harvard, a partir do exame de camundongos durante a gestação e depois, já no aleitamento, mostrou que a exposição à poluição, especialmente no período da formação do embrião, provoca alterações metabólicas que propiciam uma maior tendência à obesidade.
Ou seja, os animais nascem com o conteúdo de gordura corpórea maior do que aqueles não expostos a níveis de poluentes. “Então, nós temos duas coisas que precisam ser consideradas”, conclui Paulo Saldiva, “o sedentarismo induzido por um transporte motorizado, que nos obriga a ficar sentados durante horas e, ao mesmo tempo, ao sermos expostos à poluição ainda quando embriões, sem que tenhamos qualquer escolha sobre o nosso destino, os nossos hábitos, a poluição pode ser um dos fatores que contribuem para o risco da gente ficar mais obeso ou com mais sobrepeso na idade adulta. Acho que é um caso para se pensar, especialmente no contexto que se discute um plano diretor que, mais uma vez, incentiva o transporte individual veicular.”
Fonte: Jornal da USP