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Crise no Vaticano

Papa ordena que cardeais passem a pagar aluguel no Vaticano

Até agora, para viver em apartamentos da Igreja Católica eles deviam pagar apenas despesas como água e luz. ler

03 de março de 2023 - 16:00

Cardeais e outras autoridades da Igreja Católica não poderão mais morar no Vaticano sem pagar aluguel, segundo uma nova decisão do Papa Francisco. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (1º) por Maximino Caballero Ledo, que chefia o Ministério das Finanças do Vaticano.

Segundo ele, devido ao atual contexto econômico, o pontífice ordenou a revogação das normas que permitiam a utilização gratuita ou em “condições de favor” ​​dos imóveis pertencentes às instituições e organismos ligados à Santa Sé.

O documento assinado pelo papa, chamado de “rescrito”, justifica que a medida foi tomada “para fazer frente aos crescentes compromissos que o cumprimento do serviço à Igreja universal e aos mais necessitados exige em um contexto econômico como o atual, que é particularmente grave”.

A disposição diz respeito a cardeais, chefes de dicastérios, presidentes, secretários, subsecretários, dirigentes e equivalentes, incluindo os auditores e equivalentes, do Tribunal da Rota Romana.

Até agora, os cardeais que viviam em Roma e no Vaticano precisavam pagar somente taxas de serviços como água e luz. Bispos e outros administradores do Vaticano tinha seus aluguéis subsidiados.

A partir de agora, as instituições proprietárias dos imóveis deverão cobrar valores normalmente aplicados a pessoas que não têm cargos na Santa Sé ou no Vaticano. Também as Domus deverão aplicar as tarifas, incluindo o alojamento na Domus Santa Marta, prédio no Vaticano onde vive o papa e que muitos prelados, mas também visitantes, por vezes usam como hotel sem pagar.

O documento diz que os contratos atuais continuarão como estão até o término. Depois, serão aplicadas as novas regras. O papa também estabeleceu que qualquer alteração ao regulamento deverá ser autorizada diretamente por ele.

Aperto de cinto no Vaticano

Não é a primeira vez que o Vaticano aperta os cintos para economizar. Dois anos atrás, Francisco ordenou aos cardeais que fizessem um corte salarial de 10% e reduziu os salários de outros clérigos que trabalham no Vaticano para salvar empregos de funcionários. Na época, a decisão foi parcialmente motivada pelo impacto do coronavírus nas receitas da Santa Sé.

Desde que assumiu o papado, Francisco fez várias mudanças para reestruturar as finanças do Vaticano e torná-las mais transparentes. Ele também foi forçado a agir após um cardeal e outras nove pessoas serem pegos em um escândalo imobiliário em Londres.

Os ativos imobiliários da Administração do Patrimônio da Sé Apostólica (APSA) consistem em 4.051 propriedades na Itália e cerca de 1.120 no exterior, sem incluir as suas embaixadas.

Na Itália, o Vaticano é dono de aproximadamente 1,6 milhão de metros quadrados construídos. Apenas 15% são destinados para o mercado livre, 30% têm rendas subsidiadas para funcionários, aposentados e outras formas de auxílio e os 55% restantes são para fins institucionais ou em regime de empréstimo gratuito, como para escolas ou universidades.

Reprodução: G1

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