O que é um nômade digital?

O nômade digital é um profissional que não possui um local fixo de trabalho e, por isso, atua de forma remota enquanto viaja pelo mundo.

A ascensão desse estilo de vida foi impulsionada principalmente pela globalização e pelos avanços tecnológicos, que tornaram o trabalho remoto mais viável. Além disso, a pandemia de COVID-19 acelerou a adoção de modelos híbridos e remotos por diversas empresas, permitindo que mais pessoas optassem por essa forma de atuação.

A cultura das gerações millennial e Z, que valorizam liberdade e experiências, também contribuiu para a popularização do nomadismo digital. Muitos desses profissionais transformaram seu próprio estilo de vida em fonte de renda, atuando como influenciadores e compartilhando suas viagens nas redes sociais.

Países como Portugal, Estônia e Tailândia já criaram vistos específicos para esses profissionais, visando atrair esse tipo de turismo ao país.

Pontos positivos

O nomadismo digital pode trazer diversos pontos positivos aos países em que viajam, pelo turismo crescente de pessoas com esse estilo de vida, os países podem investir em sua estrutura digital, como espaços de coworking e melhor internet.

Além disso, influenciadores que são nômades digitais fazem um marketing gratuito ao local em que visitam e impulsionam a economia local através das hospedagens, alimentação, transporte, lazer etc.

Pontos negativos

Por outro lado, o nômade digital gera também impactos negativos. Quem segue esse estilo de vida precisa encontrar moradia, arcar com despesas de alimentação, etc., mas o aumento do número de pessoas que buscam morar no local por apenas um curto período de tempo pode influenciar no encarecimento dos custos de vida para os residentes fixos.

Recentemente, a organização sem fins lucrativos sul-africana Keep the Energy fez um apelo em suas redes sociais contra o nomadismo digital. De acordo com a instituição, o aumento dos custos de transporte, moradia e outras necessidades básicas tem causado uma grave crise para os moradores da Cidade do Cabo, na África do Sul.

Na publicação a equipe do Keep the Energy critica o evento Nomad Week, que atrai ainda mais nômades digitais para o local, contribuindo para a gentrificação dos bairros e agravamento da crise.

Em sua petição, a organização destacou que “esses visitantes transitórios não contribuem com nada para a economia local, pois não pagam impostos nem investem na comunidade. Em vez disso, eles pegam oportunidades de emprego que poderiam ser preenchidas por residentes, enquanto aumentam o custo de vida para as pessoas que realmente chamam a Cidade do Cabo de lar”.

Assim, a situação traz um questionamento relevante: seria o nomadismo digital, com seus imensos benefícios àqueles privilegiados com a opção de viajar o mundo enquanto trabalham e deixam para trás os locais para arcar com as consequências de sua estadia, uma nova forma de colonização?

Redatoras: Ana Luisa Volpe e Vitória Bárbara.

Imagem: Freepik