No Dia da Mulher, Rosa Weber lamenta sub-representação no Congresso e critica falta de ‘igualdade efetiva’
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No Dia da Mulher, Rosa Weber lamenta sub-representação no Congresso e critica falta de ‘igualdade efetiva’
No Senado, primeira-dama Janja da Silva também discursou e foi homenageada ler
No Dia Internacional da Mulher, a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, afirmou que o Brasil carece de “igualdade efetiva” de gênero. Ao lado de outras mulheres, a ministra aproveitou a premiação do “diploma Bertha Lutz” para criticar da sub-representação feminina no Congresso e ressaltar que até mesmo no Judiciário há atos discriminatórios.
— A igualdade continua a se fazer necessária, considerada a sub-representação feminina neste parlamento. Vale dizer, (há) igualdade formal na lei, e não igualdade substancial, ou seja, igualdade efetiva — afirmou a presidente do STF.
Pela manhã, senadores participaram de sessão solene em homenagem a sete mulheres que deram uma contribuição relevante à defesa dos direitos das mulheres. Além de Rosa Weber, foram premiadas a socióloga e primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja; a diretora-geral do Senado, Ilana Trombka; a cientista política Ilona Szabó, presidente do instituto Igarapé; e a jornalista Nilza Zacarias, coordenadora da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito. Também receberam a premiação “in memoriam” a jornalista Glória Maria e a líder indígena Clara Camarão.
— Reafirmar o direito de igualdade às mulheres, de tratamento e espaços decisórios públicos, como forma de luta contra a discriminação de gênero, não se trata de projeto realizado, mas sim de projeto em permanente construção. Em sociedade marcada pelo machismo estrutural, edificaram-se as estruturas procedimentais e de tomada de decisão de modo a não considerar a mulher como ator político institucional relevante no projeto democrático constitucional — discursou a ministra do STF.
Em sua fala, Rosa Weber citou a historiadora Mary Del Priore, que tratou da exclusão da questão feminina na própria História do país até a década de 1970. Em seguida, tratou da exclusão nos dias de hoje e também no Poder Judiciário, do qual é chefe.
— Mesmo no espaço forense, condutas e atos discriminatórios detectados, lembro mais uma vez, são indicativos seguros de que sequer o Judiciário, em seus campos de atuação, está imune à cultura da subjugação e desqualificação do feminino.
Ao discursar, a primeira-dama também tratou da sub-representação no Congresso.
— Um século depois de Bertha Lutz ter organizado a luta pelo direito ao voto, seguimos tendo que repetir que precisamos estar representadas nos espaços de decisão — discursou Janja.
Ela também disse que é alvo de discursos de ódio e machistas nas redes sociais.
— Tenho sido o principal alvo de mentiras, ataques à honra e ameaças nas redes sociais. Até mais que o presidente. Sei que muitas de vocês também passam por isso. A mesma terrível experiência de ver seu nome, seu corpo e sua vida expostos de maneira mentirosa.
‘Déficit para democracia’
Mais tarde, em evento no STF, Rosa Weber voltou a criticar a falta de representatividade das mulheres na política e afirmou que isso é um “déficit para a própria democracia”.
— É preciso que se diga, o déficit de representatividade feminina significa um déficit para a própria democracia brasileira. Reverter essa disparidade histórica de representação é imperativo que nos desafia a todos — declarou.
Também participaram da cerimônia a ministra Cármen Lúcia, a atriz Regina Casé, a pesquisadora Margareth Dalcolmo e a estagiária do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) Alcineide Cordeiro, integrante do povo indígena Piratapuya..
Reprodução: O Globo