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Modelos matemáticos podem ajudar a prever casos do novo coronavírus
Francisco Rodrigues diz que o vírus é semelhante a doenças com modelos existentes, mas parâmetros mais precisos ainda precisam ser estabelecidos ler
O sucesso de previsões de doenças, feitas a partir de modelos matemáticos criados, possibilita uma taxa de assertividade bastante considerável para epidemias. A gripe é uma das doenças com boas definições de índices matemáticos, os quais conseguem calcular ano a ano a quantidades de infectados, dando foco para campanhas de vacinação em determinado grupo, por exemplo. Agora, já há pesquisadores trabalhando em um novo modelo que pode ser útil no cálculo de previsões para a recente epidemia do novo coronavírus.
O Jornal da USP no Ar entrevistou o professor Francisco Rodrigues, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, que esclareceu se modelos matemáticos existentes servem para o novo coronavírus. “Serve, porque o novo coronavírus é muito parecido com o Sars, que ocorreu em 2003 e que já possui modelo próprio. O problema que temos hoje é tentar ajustar os parâmetros do modelo. Por exemplo, ainda não está muito claro qual o número básico de reprodução, ou seja, quantas pessoas vão ser infectadas a partir de um paciente infectado”, explica.
Também pesquisador do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI), sediado no ICMC, Rodrigues cita alguns dos critérios analisados como base para os cálculos matemáticos. Entre eles está o tempo de incubação do vírus, que no caso do novo coronavírus estima-se que seja de 1 a 14 dias; dados de movimentação de pessoas (restrição de países para ida e volta de passageiros à China); e medidas de prevenção em cidades, como focos de alerta em aglomerações. Todas essas informações ainda não possibilitaram um resultado preciso. “As estimativas atuais apontam que a doença vai durar alguns meses e, provavelmente, quando tiver uma vacina, os casos da doença vão reduzir rapidamente.”
Rodrigues cita um fato curioso de um estudo publicado pelo The New England Journal of Medicine, mostrando que, dentre 425 infectados iniciais, não havia nenhum com menos de 15 anos. Segundo o professor, é possível que as crianças fiquem doentes pelo vírus mas não apresentem sintomas ou manifestem muito pouco. Isso acaba atrapalhando os modelos matemáticos, pois limita o universo analisado. Hoje, calcula-se que a taxa de reprodução é de 1,5 a 2,5 para o novo coronavírus.
“Esse número básico de reprodução vai dizer o quanto uma pessoa infectada vai passar, em média, o vírus adiante para outras pessoas. Se esse número for menor que 1, a doença vai ‘morrer’, se for maior, a doença vai continuar.”
Fonte: Jornal da USP no Ar é uma parceria da Rádio USP, Faculdade de Medicina e Instituto de Estudos Avançados. Busca aprofundar temas da atualidade de maior repercussão, além de apresentar pesquisas, grupos de estudos e especialistas da Universidade de São Paulo