A cidade de Marília (SP) ocupa a 2691ª posição entre 5.570 municípios brasileiros avaliados pelo Instituto Cidades Sustentáveis no Índice de Desenvolvimento Sustentável de Cidades (IDSC). O estudo mede o avanço das cidades em relação aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), com notas de 0 a 100. No estado de São Paulo, Marília está entre as piores colocações, ocupando a 623ª posição entre os 645 municípios.

Desempenho Contrastante

Marília se destacou positivamente em apenas dois objetivos: acesso à água potável e saneamento básico, além de energias renováveis acessíveis. O resultado, porém, é contestado por especialistas. Um consultor em políticas públicas ouvido pelo Marília do Bem aponta contradições: “É grave que uma cidade com orçamento bilionário esteja em condições tão precárias ao fim do mandato do ex-prefeito Daniel Alonso. Mais crítico ainda é o índice de acesso à água ser classificado como ‘muito bom’ enquanto Marília enfrenta uma crise hídrica histórica”.

A classificação positiva em saneamento e água potável contrasta com relatos de moradores sobre racionamento e intermitência no abastecimento. Em 2023, a cidade decretou estado de emergência devido à seca prolongada, com reservatórios operando abaixo de 30% da capacidade. Para o especialista, “há uma desconexão entre os números oficiais e a realidade vivida pela população”.

A cidade atualmente enfrenta desafios críticos em cinco áreas:

• Produção e consumo sustentáveis;
• Igualdade de gênero;
• Proteção da vida terrestre;
• Parcerias para implementação dos ODS;
• Indústria, inovação e infraestrutura.

Outro dado preocupante é que, dos 17 objetivos, 10 apresentaram piora nos últimos anos, indicando retrocesso em temas como educação de qualidade e redução das desigualdades. O cenário coloca pressão sobre a atual gestão do prefeito Vinícius Camarinha.

O que é o IDSC?

Criado para monitorar a Agenda 2030 da ONU, o IDSC é uma ferramenta que compara o desempenho das cidades brasileiras em desenvolvimento sustentável. O Brasil é o único país do mundo a avaliar todos os seus municípios com base nesses critérios. Saiba mais sobre o IDSC em cidadessustentaveis.org.br

Por que isso importa?

O resultado coloca Marília abaixo da média nacional e estadual, evidenciando a necessidade de políticas públicas urgentes para reduzir desigualdades e promover práticas sustentáveis. Segundo o Instituto Cidades Sustentáveis, o índice serve como um “termômetro” para orientar governos e sociedade civil.
Nota: Esta reportagem foi produzida com base em dados públicos do Instituto Cidades Sustentáveis. A Agenda 2030 é um compromisso global assinado por 193 países, incluindo o Brasil.

Redator: Diogo A. Cirillo

Revisão: Ester Laís Costa Aquino

Imagem: Mauro Abreu/Assessoria de Imprensa PMM

Diogo Arenas Cirillo Diogo Arenas Cirillo é aluno do 3º ano de graduação em Relações Internacionais pela UNESP – Campus Marília. Bolsista em projeto da Pró Reitoria de Extensão Universitária e Cultura da UNESP, ele também atua como assistente administrativo no Instituto Valquiria Arenas, uma instituição de referência no setor de educação em enfermagem no Brasil. Membro no Instituto de Gestão Pública e Relações Internacionais (IGEPRI), Diogo se dedica ao desenvolvimento de pesquisas e à produção acadêmica em temas como políticas públicas, educação cívica, sustentabilidade, cidades inteligentes e pesquisas de opinião pública, combinando uma sólida base teórica com experiências práticas. Além disso, foi diretor da Coordenadoria de Marketing do Grupo de Estudo em Organizações Internacionais (GEO), acumulando experiência em gestão e marketing em âmbito acadêmico.