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COVID-19

Mandetta reforça isolamento; Bolsonaro visita comércios e cumprimenta populares

Em reunião tensa ontem, ministro pediu ao presidente para não menosprezar a gravidade da pandemia ler

29 de março de 2020 - 13:30

Um dia após o seu ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, pedir, em reunião tensa, que o presidente não menosprezasse a gravidade da pandemia do novo coronavírus em suas manifestações públicas, Jair Bolsonaro foi às ruas na manhã deste domingo, 29 de março.

Bolsonaro visitou vários comércios locais ainda abertos em Brasília e cumprimentou populares. Houve aglomerações para tirar selfies com o presidente.

“O que eu tenho conversado com o povo, eles querem trabalhar. É o que eu tenho falado desde o começo. Vamos tomar cuidado, a partir dos 65 fica em casa…”, disse Bolsonaro, que completou 65 anos no último dia 21.

Na reunião de ontem, Mandetta alertou o presidente e os demais ministros:

“Estamos preparados para o pior cenário, com caminhões do Exército transportando corpos pelas ruas? Com transmissão ao vivo pela internet?”

Em outro momento, Mandetta deixou claro que, se o presidente insistisse em ir às ruas, seria obrigado a criticá-lo. E Bolsonaro rebateu que, nesse caso, iria demiti-lo. Mais tarde, em entrevista coletiva, o ministro da Saúde foi incisivo e condenou atos pela abertura do comércio e disse que:

“os mesmos que fazem carreata vão ficar em casa daqui a duas semanas”.

Bolsonaro deixou o Palácio da Alvorada pelo acesso à residência oficial da vice-presidência, o Palácio do Jaburu, evitando assim o contato com a imprensa. São poucos os estabelecimentos abertos neste domingo, porque a cidade cumpre decreto do governador, Ibaneis Rocha (MDB), que determina o fechamento de lojas e shoppings para evitar a circulação das pessoas e tentar controlar a propagação da Covid-19. Apenas os serviços considerados essenciais podem funcionar.

O presidente saiu por volta de 9h30 e seguiu para um posto de gasolina. Bolsonaro desceu do carro para cumprimentar e tirar fotos com frentistas que estavam trabalhando. Também conversou com populares. Em seguida, visitou farmácia, padaria e uma mercearia no Sudoeste, bairro residencial que fica cerca de 10 km do Congresso Nacional.

O presidente foi ainda ao HFA (Hospital das Forças Armadas), onde esteve por cerca de 20 minutos, cumprimentou populares e profissionais que lá estavam. Segundo apuração do Estado, Bolsonaro foi conversar com médicos e enfermeiras e ver como estava o funcionamento do hospital.

Em seguida, o comboio presidencial seguiu em direção a Ceilândia, uma região administrativa de Brasília, que fica a cerca de 36 quilômetros do Palácio da Alvorada. Ceilândia é a cidade onde moram familiares da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

O presidente passeou de carro pela região onde funciona uma feira, que está fechada em razão da determinação do governador. A chegada do presidente parou o local, reunindo várias pessoas que se aproximaram para tirar fotos. Ele parou para conversar com populares e com um vendedor de churrasquinho, que reclamou da paralisação do comércio, concordando com o discurso que vem sendo repetido pelo presidente nos últimos dias de que não é possível ficar parado.

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