Lula exalta legado petista e prega conciliação contra o totalitarismo ao lançar candidatura
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Lula exalta legado petista e prega conciliação contra o totalitarismo ao lançar candidatura
Ex-presidente busca terceiro mandato e confirma Alckmin como vice em tentativa de derrotar Bolsonaro ler
O ex-presidente Lula da Silva (PT) pregou o resgate da soberania nacional, defendeu a Petrobras e repisou falas em prol da criação de empregos e do combate à fome ao lançar sua pré-candidatura à Presidência da República em chapa com Geraldo Alckmin (PSB) de vice.
“O grave momento que o país atravessa, um dos mais graves da nossa história, nos obriga a superar eventuais divergências”, disse. “Queremos unir os democratas de todas as origens e matizes […] para enfrentar e vencer a ameaça totalitária.”
O petista buscou se contrapor ao principal adversário na disputa, o presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmando, sem citá-lo nominalmente, que ele é autoritário e ataca a soberania, a democracia e as instituições. Acusou-o de mentir para esconder sua incompetência e de destruir o que foi conquistado nos anos do PT no governo.
O discurso escolheu temas como inflação, miséria e desemprego para fustigar Bolsonaro e, em um momento de disparada dos preços de combustíveis e contestações à política de preços da Petrobras, defendeu a soberania energética e responsabilizou o atual governo pelo desmantelamento da empresa.
“O resultado desse desmonte é que somos autossuficientes em petróleo, mas pagamos por uma das gasolinas mais caras do mundo, cotada em dólar, enquanto os brasileiros recebem os seus salários em real”.
O plano, afirmou, é resgatar o receituário que mesclou “crescimento econômico com inclusão social” e voltar a ter protagonismo no cenário internacional, partindo do fortalecimento regional na América Latina e da estabilidade interna para atrair investimentos.
Foram 29 menções à ideia de soberania, com a observação de que ela não se limita à defesa do território e de fronteiras, mas abarca também áreas como infraestrutura e alimentação.
“Fui vítima de uma das maiores perseguições políticas e jurídicas da história deste país, […] mas não esperem de mim ressentimentos, mágoas ou desejos de vingança”, disse Lula em alusão às condenações que sofreu na Operação Lava Jato, hoje anuladas, e ao período na prisão.
O petista também falou em defesa do ambiente e da Amazônia, com a transição para um novo modelo de desenvolvimento sustentável, da distribuição de renda, dos investimentos em educação, saneamento e moradia, da retomada do consumo e do reconhecimento da cultura como setor importante.
“Precisamos de livros em vez de armas”, disse, em alfinetada às medidas de Bolsonaro em defesa do armamento da população e à perseguição a artistas, com a vilanização da Lei Rouanet. Afirmou que o governo foi irresponsável na pandemia de Covid-19 e elogiou o SUS (Sistema Único de Saúde).
O ex-presidente fez ainda sinalizações aos povos indígenas, às mulheres, aos negros e à população LGBTQIA+, parcelas do eleitorado em que Bolsonaro tem seus maiores índices de rejeição.
Em aceno a eleitores evangélicos, disse que “não é digno do título o governante incapaz de verter uma única lágrima diante de seres humanos revirando lixo em busca de comida, ou dos mais de 660 mil brasileiros e brasileiras mortos pela Covid. Pode até se dizer cristão, mas não tem amor ao próximo”.
“Nunca foi tão fácil escolher”, afirmou. “Para sair da crise, crescer e se desenvolver, o Brasil precisa voltar a ser um país normal. A normalidade democrática está consagrada na Constituição. É imperioso que cada um volte a tratar dos assuntos de sua competência”, acrescentou, sobre harmonia entre os Poderes.
O petista disse ainda ser preciso que “o fascismo seja devolvido ao esgoto da história, de onde jamais deveria ter saído”. Segundo ele, o ato deste sábado foi um chamado aos democratas que desejam reerguer o país e a quem quiser ajudar a organizar “a maior revolução pacífica” da história.
“Nós queremos muita gente na rua, e ninguém pode ter medo de provocação. É proibido ter medo de provocação, de fake news, de provocações via ‘Zap’, via Instagram. Nós vamos vencer essa disputa pela democracia distribuindo sorriso, carinho, amor, paz, e criando harmonia.”
Líder das pesquisas de intenção de voto para outubro, mas pressionado por aliados nas últimas semanas por tropeços de comunicação e problemas internos na coordenação da campanha, Lula leu o discurso em tom protocolar, em vez de falar de improviso, como vinha fazendo em suas aparições.
Com diagnóstico de Covid-19 recebido nesta sexta-feira (6), Alckmin não compareceu pessoalmente e participou do evento realizado no Expo Center Norte (centro de convenções na zona norte da capital paulista) por meio de vídeo ao vivo, em um telão.
Na transmissão, Alckmin disse lamentar sua ausência, justificou sua aliança com o ex-adversário, seu concorrente na eleição presidencial de 2006, e fez piada com seu apelido “picolé de chuchu”, já dito sobre ele inclusive por Lula, para compará-lo a “uma coisa insossa”.
“Nada, nenhuma divergência do presente, nem as disputas de ontem, nem as eventuais discordâncias de hoje ou de amanhã, nada, absolutamente nada, servirá de razão, desculpa ou pretexto para que eu deixe de apoiar ou defender, com toda a minha convicção, a volta de Lula à Presidência do Brasil”, afirmou Alckmin, logo de início.
“Mesmo que muitos discordem da sua opinião de que lula é um prato que cai bem com chuchu (o que acredito venha ainda a se tornar um hit da culinária brasileira), quero lhe dizer, perante toda a sociedade brasileira: muito obrigado.”
Lula reforçou a brincadeira depois, dizendo que a combinação é extraordinária, será “o prato predileto de todo o ano de 2022 e se tornará o prato da moda no Palácio do Planalto a partir das eleições”.
A chef de cozinha Bela Gil, que participava do ato como apresentadora e defende a alimentação natural, foi instada a comentar o prato. Ela riu e disse que o petista respeita os direitos do povo, “inclusive na alimentação, que, para além do chuchu, ele agora vai do churrasco de picanha ao churrasco de melancia”.
Em meio à defesa de princípios como diversidade e justiça social, Alckmin agradeceu a Lula pela confiança e disse ter orgulho da aliança, mas reconheceu que a dupla tem à frente uma “missão que não é simples nem modesta”. Ele falou que será “um parceiro leal” do ex-presidente.
Lula, que discursou na sequência, disse ter certeza da lealdade do ex-governador, a quem chamou de companheiro, e afirmou que eles não sabiam o teor do discurso um do outro, mas deram provas de que estão afinados. “Nós estamos pensando muito parecido”, disse o ex-presidente.
“Números diferentes, quando somados, não diminuem de valor, pelo contrário, elevam a sua grandeza. Essa lógica aplica-se também à política. Disputas fazem parte do processo democrático, mas, acima das disputas, algo mais urgente e relevante se impõe: a defesa da própria democracia”, disse Alckmin.
“Lula é, hoje, a esperança que resta ao Brasil. Não é a primeira, a segunda nem a terceira. Ele é a única via da esperança para o Brasil.”
“O desafio é grande, mas não desanimemos diante disso. Vamos nos animar”, conclamou o postulante a vice, citando o que considera um perigo à democracia nas próximas eleições, em referência à eventual vitória de Bolsonaro, e estimulando a adesão de outras forças políticas.
Alckmin afirmou ainda que viu no convite de Lula “um sinal de reconciliação” e “um chamado à razão”, antes de emendar críticas a Bolsonaro e discursar em defesa da pacificação. “O que mais importa é aquilo que o Brasil precisa. O Brasil sobrevive hoje ao mais desastroso e cruel governo da sua história.”
Com o mote “vamos juntos pelo Brasil”, o PT pretende traduzir a candidatura como um projeto do chamado campo democrático, e não só de Lula. A ideia é passar uma mensagem de unidade em torno da missão de brecar a tentativa de Bolsonaro de obter um segundo mandato.
O que vem sendo descrito pelo PT como “movimento” reúne até agora sete partidos (PT, PSB, PC do B, Solidariedade, PSOL, PV e Rede Sustentabilidade), além de centrais sindicais e movimentos sociais, como MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e CUT (Central Única dos Trabalhadores).
Representantes das siglas e organizações foram ao ato, assim como artistas e personalidades. Aliados de partidos que não estão coligados com o PT, como os senadores Otto Alencar (PSD-BA) e Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), participaram do evento.
Também compareceu a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que sofreu impeachment em 2016 e foi recebida de pé e com aplausos.
Falando de improviso nesse momento, Lula afagou a correligionária, a quem chamou de “companheira de todas as horas”, e fustigou a tese bolsonarista de que ela faria parte de um eventual novo governo seu.
“Tem muita gente que, na perspectiva de criar confusão entre nós dois, fala assim para mim: ‘Ah, você vai levar a Dilma para o ministério, você vai levar o José Dirceu para o ministério?’. Nem eu vou levar, e jamais a Dilma caberia num ministério, porque a Dilma tem a grandeza de ter sido a primeira mulher a ser presidenta da história deste país”, disse ele.
O evento deste sábado foi planejado no detalhe para evitar erros. Só Lula e Alckmin discursaram. O músico Paulo Miklos e a chef Bela Gil foram apresentadores. A sambista Teresa Cristina cantou o hino nacional.
O palco possuía tons de vermelho, a tradicional cor do PT, mas também verde e amarelo, com a bandeira do Brasil —incorporada nos últimos anos à estética bolsonarista. A previsão era reunir 4.000 pessoas, mas a assessoria de imprensa do ex-presidente informou que foram credenciadas 7.000.
Parte do público usou roupas e adereços vermelhos, e a maioria dispensou a máscara de proteção contra a Covid-19, que não é mais obrigatória em espaços fechados na capital paulista. Lula e Alckmin vestiram figurinos parecidos —terno escuro e camisa branca, sem gravata.
Participantes agitaram bandeiras de partidos e organizações. Também cantaram músicas de campanhas anteriores e o verso “olê, olê, olá, Lula, Lula”. O ex-presidente entrou no palco ao som da melodia, tocada por um trompetista, e de mãos dadas com a noiva, a socióloga Rosângela da Silva, a Janja.
O PT orientou os militantes a transformarem a ocasião em um momento festivo, reforçando uma mensagem de esperança. No ato, foi apresentada uma regravação do jingle da campanha de Lula em 1989, o do refrão “Lula lá, brilha uma estrela”, misturando artistas de diferentes gerações.
Fonte: Folha de São Paulo