O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aproveitou sua visita oficial ao Japão para defender o livre comércio e criticar o protecionismo em um momento de tensão no cenário econômico global. Durante o encontro com o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, em Tóquio, Lula discursou contra barreiras comerciais e mencionou indiretamente as novas tarifas impostas pelo governo de Donald Trump, nos Estados Unidos.

A viagem, que marca os 130 anos das relações diplomáticas entre Brasil e Japão, teve como foco a ampliação da cooperação econômica entre os dois países. “Vamos continuar defendendo com muita força o livre comércio, que é a possibilidade maior da parceria entre países e do desenvolvimento mútuo”, afirmou Lula.

Em discurso no Palácio Akasaka, ao lado do primeiro-ministro japonês Shigeru Ishiba, Lula evitou mencionar Trump diretamente, mas fez alusão às tensões entre EUA e China ao afirmar que “ninguém quer uma nova Guerra Fria”. O presidente brasileiro destacou que o protecionismo voltou a ser debatido “em países importantes” e defendeu o multilateralismo como caminho para o desenvolvimento econômico.

Além disso, Lula defendeu o livre comércio entre os países “Nós não podemos voltar a defender o protecionismo, não queremos uma segunda Guerra Fria, queremos comércio livre, para que os países se estabeleçam no movimento da democracia, no crescimento econômico e na distribuição de riquezas”, destacou o Presidente.

Ao longo da visita, Brasil e Japão assinaram dez acordos de cooperação em áreas como meio ambiente, educação, tecnologia e energia renovável. Além disso, 80 convênios foram firmados entre empresas, bancos, universidades e outras instituições.

No entanto, dois temas sensíveis para o Brasil ficaram sem resolução imediata:

• Carne bovina: O Japão mantém barreiras sanitárias e segue priorizando importações dos EUA e Austrália.
• Etanol: Apesar do interesse japonês em biocombustíveis para reduzir emissões no setor automotivo, não houve um acordo definitivo com o Brasil.

Lula também abordou a queda no comércio bilateral, que diminuiu de US$ 17 bilhões em 2011 para US$ 11 bilhões em 2024. “Nosso comércio bilateral não corresponde ao tamanho de nossas economias. Nossa meta é superar os 17 bilhões de dólares registrados em 2011”, declarou o presidente.

Para Lula,  uma parceria econômica entre o Japão e o Mercosul seria uma ótima oportunidade para os países, que ganhariam “mais com integração do que com práticas protecionistas”.

Redator: Karini Yumi

Revisor: Maísa Faria

Imagem: Ricardo Stuckert/ Agência Brasil