Luciano Hang passa a vender arroz e feijão na Havan para manter lojas abertas
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Loja de empresário passa a vender comida para tentar reabrir como serviço essencial ler
A rede de lojas Havan, conhecida por vender itens de utilidade para o lar, passou a incluir alimentos como arroz, feijão, macarrão e óleo em suas prateleiras e briga na Justiça para ser considerada atividade essencial durante a pandemia do novo coronavírus.
A nova linha de produtos é adotada no momento em que o presidente Jair Bolsonaro conclama empresários a “jogar pesado” contra as medidas de restrição decretadas por prefeitos e governadores. A rede Havan pertence ao empresário Luciano Hang, aliado do presidente.
Além da inclusão de alimentos da cesta básica em seu portfólio, a estratégia da empresa para se manter operando, enquanto estados e municípios decretam distanciamento, inclui ações judiciais e protestos de funcionários nas portas de prefeituras.
Lacração em Marília
Hang usou redes sociais nesta segunda-feira (18) para divulgar vídeos com imagens da lacração da loja em Marília por descumprir ordem judicial e fazer críticas à medida.O empresário postou vídeos gravados por funcionários no momento em que fiscalização da prefeitura colou na porta da loja o aviso de lacração e ordem para não rompimento do lacre, e escreveu: “o poder público quer o caos” e “absurdo!!!”.
A Havan foi fechada depois de tentar conseguir um mandado de segurança na Justiça para funcionar reconhecida como supermercado. A Vara da Fazenda Pública de Marília rejeitou e a empresa não estaria cumprindo a ordem.
Em pelo menos duas cidades do interior de São Paulo, Araçatuba e Lorena, a empresa conseguiu uma liminar na Justiça e reabriu as portas a despeito dos decretos que determinaram o fechamento do comércio. Em suas decisões, os magistrados argumentaram que a loja da Havan poderia ser considerada um hipermercado e, portanto, seria um serviço essencial em meio à pandemia.
Além do vídeo com os ataques, um grupo de funcionários uniformizados e carregando bandeiras do Brasil foram à frente da prefeitura para protestar contra a medida. Veja abaixo o vídeo divulgado na conta de Luciano Hang.
Serviço essencial
Segundo funcionários, alimentos como arroz e feijão passaram a figurar nas prateleiras da loja há cerca de duas semanas, já em meio à pandemia e à determinação do fechamento de serviços não essenciais.
O estoque disponível nas lojas, contudo, é sempre baixo. Na unidade de Ribeirão Preto, por exemplo, ao lado do setor de produtos de acampamento, havia nas prateleiras, nesta segunda-feira (18), 20 pacotes de feijão, 18 de arroz, 12 garrafas de óleo, 21 de milho verde, 17 de ervilha, 12 de molho de tomate e cinco de salsicha.
Na gôndola ao lado, itens como detergente e papel higiênico estavam à disposição dos clientes, mas, no período em que a reportagem esteve na loja, nenhum consumidor sequer parou para olhar os produtos que ali estavam.
Estes produtos também não estão disponíveis para venda no site da Havan. Os únicos alimentos vendidos na loja virtual são chocolates e cápsulas de café.
A venda de alimentos da cesta básica reforça um argumento que a Havan tem levado a diversos tribunais pelo país: o de que é um hipermercado e não uma loja de departamentos. E, por isso, deve ser considerado serviço essencial.