A partir do dia 20 de julho, será dado o pontapé inicial da nona edição da Copa do Mundo feminina. Pela primeira vez na história da modalidade, o torneio contará com 32 equipes participantes e será sediado por dois países.
Neste ano, a competição acontecerá na Austrália e na Nova Zelândia. Inclusive, esta também será a primeira edição de um Mundial de futebol profissional – masculino ou feminino – realizado na Oceania.
Quatro anos depois da Copa da França, que obteve recordes de audiência em todo o mundo e ajudou a popularizar internacionalmente o futebol feminino, a edição de 2023 promete ser o maior evento esportivo feminino.
O período entre Copas foi marcado por muitas transformações através da luta das mulheres por equidade de gênero. Ainda resta muito para mudar, mas o Mundial da Austrália e da Nova Zelândia chega com grandes expectativas.
Para chegar nesse patamar, no entanto, muitas barreiras tiveram que ser quebradas.
O clube de Preston, do norte da Inglaterra, se tornou uma equipe renomada nacionalmente, com turnês que atraíam milhares de pessoas e que também se notabilizou por arrecadar grandes quantias de dinheiro destinadas para instituições de caridade.
Em 26 de dezembro de 1920, no Goodison Park, estádio do Everton, tradicional clube de Liverpool, o Dick, Kerr Ladies enfrentou o St. Helens em um jogo que atraiu o maior público de uma partida de futebol feminino na época, diante de mais de 50 mil pessoas.
A crescente popularidade do time, no entanto, não caiu bem aos olhos da Football Association (“Associação de Futebol”, em português). A entidade, responsável pela regulamentação do futebol no Reino Unido, declarou o esporte “inadequado” para mulheres.
O banimento foi um grande golpe para a equipe e a modalidade, uma vez que as mulheres não poderiam realizar jogos nos estádios dos clubes membros da FA, limitando significativamente o número de espectadores nas partidas.
Artilheira e uma das principais líderes do Dick, Kerr Ladies, Parr não desistiu do esporte. Ao longo de 30 anos de carreira, a atacante marcou mais de 1 mil gols através de partidas internacionais e turnês e se tornou uma das maiores figuras do futebol feminino.
Lily desafiou estereótipos de uma sociedade conservadora sobre o papel das mulheres. Além de mostrar a sua competência para jogar futebol, a inglesa também rompeu com preconceitos sobre a homossexualidade – teve um longo relacionamento com sua parceira.
O banimento do esporte para as mulheres britânicas durou até 1971 e Parr não teve devido reconhecimento enquanto viva – morreu em 1978, aos 73 anos. De toda forma, hoje é destacada como uma pioneira do futebol feminino.
Primeira mulher a ser indicada para o Hall da Fama do Museu Nacional do Futebol inglês, em 2002, Lily também foi homenageada com uma estátua e uma seção exclusiva no museu de Manchester. Desde então, tem sido uma inspiração para a comunidade.
Até a americana Mia Hamm se tornar a primeira mulher a estrelar um jogo eletrônico de futebol, as brasileiras Formiga, Cristiane e Marta acumularem recordes históricos, a norueguesa Ada Hegeberg e a americana Megan Rapinoe se tornarem vozes para maior igualdade, um longo caminho foi percorrido.
Em quatro meses, veremos mais um importante capítulo do futebol feminino.
Reprodução: Sagres Online