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Ligação de secretário com empresa contratada por governo de SP é um escândalo
Renato Feder, secretário da Educação, foi CEO e é acionista de empresa via offshore que tem contrato com sua pasta ler
Em uma semana de posses e sinalizações vindas de Brasília, passou praticamente batida a notícia de que, em São Paulo, o novo secretário estadual da Educação é acionista de uma empresa privada com contrato recém-assinado com a pasta que ele mesmo comandará.
A notícia é um escândalo, e deveria ser tratada como tal.
Renato Feder foi escolhido por Tarcísio de Freitas (Republicanos) após uma passagem — bem-sucedida para uns, entreguista para outros — no governo do Paraná. Seu nome foi anunciado logo após a eleição, em outubro.
No fim do ano passado, entre os dias 21 e 30 de dezembro, o governo paulista, ainda sob a administração de Rodrigo Garcia (PSDB), assinou três contratos, no valor de R$ 200 milhões, com a Multilaser para a compra de celulares e notebooks para a rede pública, segundo o portal Metrópoles.
Feder foi CEO da Multilaser por 15 anos.
A empresa já tinha contrato com o governo paulista desde os tempos de João Doria (PSDB). Quando eles foram revelados, Feder prometeu que só assumiria o cargo em São Paulo após se desligar oficialmente da empresa, da qual integrava o conselho de administração – mesmo já atuando na rede pública paranaense.
Ele garantiu em novembro que a empresa não assinaria nenhum novo contrato com o governo paulista. Faltou combinar com Rodrigo Garcia, o governador que apoiou Tarcísio no segundo turno e correu para assinar os novos contratos no apagar das luzes de sua gestão – deixando o caminho livre para os novos gestores da educação paulista dizerem que não foram responsáveis pelo acordo, que estava nos planos desde maio de 2022.
Segundo os repórteres Bruno Ribeiro e Fábio Leite, do Metrópoles, Feder segue ligado à Multilaser por meio de uma empresa com sede em Delaware, um paraíso fiscal dos EUA. A Dragon Gem LLC, de Feder, possui 28,16% das ações da fornecedora de equipamentos para a sua própria secretaria.
O conflito não poderia ser mais escancarado: mesmo que o contrato não tenha sido assinado pelo atual secretário, ele será responsável por acompanhar a execução do acordo.
Um dos contratos prevê a entrega, em até 60 dias, dos equipamentos. Se isso não aconteceu, qual figura vai prevalecer em uma eventual contenda: a do vendedor ou do comprador?
Enquanto for acionista, Feder encarna ambas as figuras no mesmo balcão giratório.
Não tem nota de esclarecimento que pare em pé.
Se não quiser queimar a largada com um escândalo desse tipo, Tarcísio não tem muita escolha além de duas: trocar o secretário ou anular a contratação da empresa ligada ao secretário.
Qualquer coisa fora isso é malandragem. O velho jeitinho, mas com fala polida e discurso liberal.
Fonte: Yahoo! Notícias e Matheus Pichonelli