Jornalistas enfrentam odisseia para cobrir manifestações
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Profissionais de imprensa vêm sendo alvo tanto de manifestantes quanto de policiais em meio à onda de protestos, diz Carlos Eduardo Lins da Silva ler
No último domingo (7), jornalistas foram às ruas cobrir o 13º dia consecutivo de protestos antirracistas nos Estados Unidos. Um grande desafio. Segundo Carlos Eduardo Lins da Silva, o país, que um dia foi exemplo de liberdade de imprensa, vem se tornando um antimodelo no trato com esses profissionais.
“No começo da minha carreira, portar uma credencial de jornalista era quase um salvo-conduto, tanto para manifestantes quanto para a polícia. Agora, o que vemos em diversos lugares do mundo é que, se você é identificado como jornalista, se torna um alvo preferencial dos dois lados, o que é perigoso para a integridade física do repórter e integridade política da nação”, comenta o especialista.
No dia 29 de maio, um jornalista e a sua equipe foram detidos enquanto faziam a cobertura dos protestos em Mineápolis, um exemplo do processo de deslegitimação que a profissão vem sofrendo.
Visando a dar salvaguarda a repórteres do mundo todo, o Shorenstein Center de Harvard publicou um decálogo sobre como jornalistas devem se comportar nesse tipo de cobertura. Mas isso não é o suficiente, os próprios veículos de imprensa devem — de acordo com Carlos Eduardo Lins da Silva — divulgar informações sobre cuidados que devem ser tomados e dar amparo legal a seus profissionais. Ele relembra que, no Brasil, parte da militância pró-governo realiza estratégias de destruição de reputação contra diversos jornalistas.
“A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo e a Ordem dos Advogados do Brasil fizeram uma cartilha de como lidar com essa situação e também oferecem apoio jurídico, e as empresas jornalísticas têm o dever de proteger seus profissionais de uma situação tão grave”, completa o professor.
Fonte: A coluna Horizontes do Jornalismo, com o professor Carlos Eduardo Lins da Silva, vai ao ar toda segunda-feira às 9h00, na Rádio USP (São Paulo 93,7 FM; Ribeirão Preto 107,9 FM) e também no Youtube, com produção do Jornal da USP e TV USP.