O ex-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, foi diagnosticado com uma forma agressiva de câncer de próstata que já apresenta metástase óssea. A revelação foi feita por seu gabinete no último domingo (18), após a realização de exames motivados por sintomas urinários persistentes. Biden, que atualmente tem 82 anos, está em sua residência em Wilmington, Delaware, onde avalia, com sua equipe médica e familiares, quais serão os próximos passos frente ao avanço da doença.

O diagnóstico apontou um escore de Gleason de 9, o que indica um tipo de câncer altamente agressivo e de rápido crescimento. Esse nível de pontuação coloca o tumor no Grupo Grau 5, o mais elevado na escala de classificação da doença. No entanto, há um fator considerado positivo dentro desse cenário: o tumor é sensível a hormônios. Isso significa que terapias hormonais, que reduzem os níveis de testosterona — um dos estímulos para o crescimento do câncer de próstata — podem ser eficazes, aumentando as possibilidades de controle do avanço do câncer.

A saúde de Biden tem sido objeto de atenção constante, especialmente devido à sua idade avançada e ao histórico de procedimentos médicos anteriores. Ainda em fevereiro de 2024, ele foi submetido a um exame físico de rotina no Centro Médico Militar Nacional Walter Reed, que não revelou alterações preocupantes na ocasião. O novo diagnóstico, porém, representa uma mudança significativa no panorama de sua saúde, exigindo uma reavaliação cuidadosa de seu bem-estar geral e das demandas associadas à sua rotina pública.

O câncer de próstata é uma das formas mais comuns de neoplasia entre homens em todo o mundo. No Brasil, por exemplo, ele é o segundo tipo de câncer mais frequente entre a população masculina, atrás apenas do câncer de pele não melanoma. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), fatores como histórico familiar, idade e alimentação inadequada aumentam os riscos de desenvolvimento da doença. A detecção precoce é considerada crucial para o sucesso do tratamento, o que, no caso de Biden, não foi possível, dada a já existente metástase.

Avanços recentes no campo da tecnologia médica, como o uso de inteligência artificial (IA), têm contribuído significativamente para o diagnóstico e tratamento de tumores prostáticos. Pesquisas publicadas na revista Radiology demonstraram que modelos de IA são capazes de identificar e medir com precisão lesões agressivas na próstata, auxiliando médicos na definição do melhor plano terapêutico. Essa tecnologia representa uma esperança para diagnósticos mais rápidos e intervenções mais eficazes.

Paralelamente, novos tratamentos vêm sendo testados, incluindo uma vacina personalizada desenvolvida no Brasil, chamada FK-PC101. Essa vacina, que já entrou em fase de testes nos Estados Unidos, tem como objetivo reduzir as chances de recorrência do câncer de próstata, ao estimular o sistema imunológico a combater as células tumorais de forma mais eficaz. A promessa é que, aliada a tratamentos convencionais, ela possa oferecer um reforço significativo no combate à doença.

A notícia do diagnóstico de Biden teve ampla repercussão internacional e gerou manifestações públicas de solidariedade, inclusive de adversários políticos. O ex-presidente Donald Trump, com quem Biden protagonizou uma das campanhas mais polarizadas da história recente dos EUA, desejou publicamente uma recuperação rápida, reforçando que questões de saúde estão acima de disputas partidárias. O gesto foi bem recebido por diversos setores da sociedade americana, simbolizando um raro momento de união frente a uma situação delicada.

Redação: Guilherme Silva Domingues

Revisão: Ruan Cezar Barbosa

Reprodução de Imagem: REUTERS / Joshua A. Bickel