A crise sobre calotes, mentiras e restrição de atendimentos à saúde na UPA para a população parece ter sido encerrada. Prefeitura e ABHU (Associação Beneficiente Hospital da Unimar) anunciaram um acordo e trégua sobre o assunto nesta noite do dia 23 em nota conjunta, com clima amistoso, bem longe das acusações mútuas realizadas nos últimos dias no ano.

Pelo acordo, haverá, a partir do dia 27 de dezembro, a transferência de duas faixas de atendimento à população da UPA, administrada pela ABHU, para as unidades de saúde da Prefeitura de Marília.

As duas faixas seriam de casos de menor gravidade e risco, identificadas pelas cores azul e branca. A UPA continuará atendendo classificação com as cores vermelho, laranja, amarelo e verde, conforme normas técnicas do Ministério da Saúde, seguindo as recomendações do Protocolo de Manchester.

Segundo a nota,

“Com essas medidas, a instituição e a municipalidade têm certeza que todos os pacientes serão atendimentos de forma adequada e com a rapidez necessária. A Direção da UPA e município tem mantido bom diálogo e harmonia para que sempre ocorra melhoria e bom atendimento a população”.

Quais os termos desse novo acordo?

A cordialidade da nota conjunta da Prefeitura e da ABHU, responsável pela direção da UPA, impressiona. Nem parece que ambos estavam em um ataque cerrado há poucos dias. Não mais que de repente do pranto fez-se o riso! Por um lado, melhor assim: as partes alinhadas trabalhando em prol da melhoria e garantia de atendimento básico à saúde da população de Marília por meio do atendimento na UPA.

Entretanto, cabe indagar: quais os termos deste acordo que selou a paz entre as partes? Qual a dívida real da Prefeitura de Marília com a AHBU? Houve calote? E a tal “manobra” da Prefeitura no repasse de emendas parlamentares conquistadas pela Superintendente do HBU, Márcia Mesquita Serva Reis, nunca existiu? Alguém falta com a verdade na nota da Prefeitura? A transferência de atendimento nas cores branco e azul para a Prefeitura custará quanto aos cofres municipais? Este alívio sobre a AHBU gerará economia de quantos milhões? Essa economia será abatida na dívida da Prefeitura com a AHBU?

Como é fácil perceber, os “risos” da nota pública entre Prefeitura e ABHU pode se tornar “prantos” para aqueles que necessitam de atendimento a saúde, mas, principalmente muito “choro” para todos os contribuintes de Marília que sustentam as contas do poder público.

A nota deveria ser transparente e colocar “os pingos nos is” sobre questão tão delicada. Deveria responder cada uma das questões elencadas acima com primazia e exatidão para que não restassem dúvidas entre ambas as partes e, principalmente, à população.

Veja a nota completa:

A ABHU (Associação Beneficente Hospital Universitário) e a Prefeitura do Município de Marília informam que, após tratativas, a partir do dia 27 de dezembro de 2019 a UPA Zona Norte manterá o atendimento seguindo as normas e exigências para o tipo de unidades como ela é, ou seja, das urgências e das emergências, ocorrências que receberem classificação com as cores vermelho, laranja, amarelo e verde.

As ocorrências classificadas com as cores azul e branca serão encaminhadas para as Unidades Básicas de Saúde ou para Pronto Atendimento da Zona Sul, seguindo as normas técnicas do Ministério da Saúde.

Com essas medidas, a instituição e a municipalidade têm certeza que todos os pacientes serão atendimentos de forma adequada e com a rapidez necessária.

A Direção da UPA e município têm mantido bom diálogo e harmonia para que sempre ocorra melhoria e bom atendimento à população.

Marília, 23 de dezembro de 2019

ABHU e Município de Marília

Marcelo Fernandes Professor na Unesp de Marília, Livre Docente desde 2012, Marcelo é um respeitado ativista social em prol da cidadania, com diversos projetos na área da educação para a política e na vigilância ao poder público.

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