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Flexibilização do isolamento social pode levar à explosão de casos de Covid-19

Max Igor Banks reitera que isolamento social e testes em massa são, neste momento, as estratégias mais eficazes e seguras para conter a doença causada pelo novo coronavírus ler

04 de abril de 2020 - 16:30

O enfrentamento da pandemia do novo coronavírus requer a utilização de estratégias de controle. Hoje, as principais medidas adotadas nos países são os testes em massa, o isolamento social voluntário ou obrigatório e o diagnóstico e tratamento de pacientes com sintomas graves. Além, claro, dos cuidados individuais de higiene, agora redobrados, que devem ser tomados pela população.

Quem explica melhor essas estratégias ao Jornal da USP no Ar é Max Igor Banks, coordenador do Ambulatório de Infectologia do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FM) da USP. “É importante entender cada uma das estratégias. Mesmo com isolamento social, existe uma mobilidade muito grande, porque no Brasil ninguém está proibido de sair de casa; por isso, é fundamental as pessoas continuarem nas residências”, explica Banks.

Uma outra estratégia adotada com precisão para conhecer a real quantidade de casos confirmados da covid-19 nos países é a realização de testes em massa. Banks diz que só sabendo quem está infectado é que se poderá isolar a pessoa, principalmente se ela estiver assintomática e com potencial de contaminação ampliado. O possível isolamento vertical (sem comprovação de eficácia científica), proposto para o grupo de risco formado por idosos e pessoas com doenças de base, pode ser uma estratégia que não funcione, colocando mais indivíduos em risco de contaminação.

O médico infectologista concorda que a pandemia será diferente nas diversas localidades do Brasil, pois nem todos os lugares estarão no mesmo momento de notificação de casos, número de mortes, pico e recaída da curva de crescimento. Medidas como o isolamento social precisam de um certo tempo até surtirem efeito, cerca de 15 dias, devido ao tempo de incubação do vírus no organismo. Outro fator importante é a realização de testes, hoje priorizados para casos mais graves, já que não há quantidade suficiente para todos. O Ministério da Saúde afirmou nesta semana que começará a fazer testes em massa por etapas em até duas semanas.

“Se sairmos da estratégia de isolamento, os casos podem explodir de novo. Se há flexibilização rápida, o que acaba acontecendo é a volta da transmissão de forma mais intensa, e tudo o que se ganhou com o isolamento acaba indo por água abaixo”, afirma Max Igor Banks. “Medidas de distanciamento social vão continuar ocorrendo até que exista uma vacina adequada para o vírus ou tratamento efetivo.”

Fonte: Jornal da USP no Ar 
Jornal da USP no Ar é uma parceria da Rádio USP, Faculdade de Medicina e Instituto de Estudos Avançados. Busca aprofundar temas da atualidade de maior repercussão, além de apresentar pesquisas, grupos de estudos e especialistas da Universidade de São Paulo.

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