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Fim do isolamento social pode prolongar efeitos negativos na economia

Luciano Nakabashi comenta análise de economista norte-americano sobre os efeitos da covid-19 na economia e a importância de se ter um governo central tomando as medidas certas ler

29 de maio de 2020 - 08:00

Na coluna Reflexão Econômica desta semana, o professor Luciano Nakabashi volta a enfatizar a situação complicada vivida pelo Brasil quanto à gestão do governo federal frente à pandemia. “O País vive uma das mais graves crises da saúde que já enfrentamos, se não a mais grave, e estamos sem ministro. A imagem do País está muito negativa no momento que a América Latina aparece como o novo centro da pandemia, com destaque para o Brasil.”

O professor diz que os investidores estão deixando o País, com medo da gestão, pois está evidente a ausência de liderança, com consequências muito graves. “Mesmo com alguns Estados fazendo restrição, isolamento social, percebemos o aumento dos casos ainda em trajetória ascendente e o presidente falando em aberturas.” Nakabashi também lembra que já citou as diferenças entre Suécia e Dinamarca nas ações em relação à pandemia. São dois países parecidos em termos de desenvolvimento econômico e social, com instituições muito sólidas. A Suécia não teve uma política de isolamento social, deixou a cargo das pessoas, mas enfrenta uma quantidade de contágio e de mortes muito maior e com efeitos econômicos e previsão de queda do PIB em 2020 muito semelhantes aos da Dinamarca.

O colunista também traz informações sobre a análise do economista Larry Summers, que foi reitor da Universidade de Harvard e trabalhou nos governos de Bill Clinton e Barack Obama, e agora assessora o candidato à Presidência dos Estados Unidos, Joe Biden. O economista fez uma análise completa dos efeitos da covid-19 sobre a economia e da importância de se ter um governo central tomando as medidas necessárias para reduzir os efeitos da pandemia, tanto em termos econômicos como na saúde. Na análise, diz Nakabashi, Summers cita o Brasil e demonstra preocupação. E, sobre os Estados Unidos, o economista norte-americano lembra que, mesmo antes das medidas de isolamento social, em alguns Estados as pessoas, por conta própria, pararam de frequentar determinados lugares com medo do vírus, o que levou a uma grande queda na demanda de alguns serviços. “Essa é mais uma evidência de que a abertura da economia não terá um impacto econômico positivo; o fim do isolamento social não vai fazer com que as pessoas comecem a retomar a suas atividades de forma normal e pode prolongar mais ainda os efeitos econômicos da pandemia.”

Em termos de saúde, o Brasil hoje, diz Nakabashi, já está com o sistema muito fragilizado, com cinco Estados no limite da capacidade de atender às pessoas com problemas mais graves de covid-19, o que acaba aumentando a taxa de mortalidade. “Mesmo nos Estados Unidos, Summers mostra evidências de que não adianta abrir a economia, não adianta acabar com o isolamento social, isso terá um efeito mais forte na queda do PIB, pois a situação das pessoas não saírem e não consumirem acaba se prolongando por muito mais tempo.”

Fonte: Reflexão Econômica/Rádio USP.

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