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Saúde

Fevereiro Laranja alerta para o tratamento e diagnóstico precoce da leucemia

A cor laranja é a escolhida para simbolizar e chamar atenção para a doença e a importância de se tornar um doador de medula óssea ler

01 de fevereiro de 2022 - 14:30

O mês de fevereiro é voltado à campanha Fevereiro Roxo Laranja de conscientização para o tratamento e diagnóstico precoce de doenças como o lúpus, o Alzheimer, a fibromialgia e a leucemia. A cor laranja é a escolhida para simbolizar e chamar atenção para a doença e a importância de se tornar um doador de medula óssea. A leucemia é uma doença maligna dos glóbulos brancos, geralmente, de origem desconhecida. Tem como principal característica o acúmulo de células doentes na medula óssea, que substituem as células sanguíneas normais.

A medula óssea é o local de fabricação das células sanguíneas e ocupa a cavidade dos ossos, sendo popularmente conhecida por tutano. Nela são encontradas as células que dão origem aos glóbulos brancos (leucócitos), aos glóbulos vermelhos (hemácias ou eritrócitos) e às plaquetas.

De acordo com a Referência Técnica Distrital (RTD) de Hematologia, Marcelo Jorge Carneiro de Freitas, os sintomas em geral da leucemia estão relacionados com três manifestações: anemia, queda de imunidade e sangramentos. “A anemia é traduzida por palidez cutânea, cansaço, inapetência e indisposição para atividades do cotidiano, podendo causar também tontura, desmaios e sonolência. A queda de imunidade é vista por infecções banais que evoluem de maneira incomum, febre e calafrios, que podem rapidamente evoluir para formas graves”, explica.
Já o sangramento é desde o surgimento de hematomas por pouco ou nenhum trauma, até sangramentos de mucosas (gengiva e nariz), ou mesmo sangramentos visíveis na urina ou fezes. Dores ósseas podem estar presentes ou crescimentos do baço e linfonodos.

Existem mais de 12 tipos de leucemia, sendo que os quatro primários são leucemia mieloide aguda (LMA), leucemia mieloide crônica (LMC), leucemia linfocítica aguda (LLA) e leucemia linfocítica crônica (CLL). Não é um tipo comum de câncer, sendo sua estimativa de incidência, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca – 2020), em torno de 2,5%, ou seja, cerca de 5.900 novos casos por ano. Esse tipo de doença aumenta sua incidência com a idade, então é mais comum em idosos que em crianças. No entanto, é o câncer mais comum das crianças até a adolescência.

“Hoje, o diagnóstico da leucemia pode ser feito tanto com amostras de sangue como de medula óssea, separando-se os tipos de doença com exames de imunofenotipagem ou de biologia molecular. Atualmente, existem exames que conseguem estabelecer um padrão de doença, se mais ou menos responsiva ao tratamento, agressividade, ou se já necessita de transplante de medula num momento mais precoce”, afirma o RTD de Hematologia.

A doença pode ser identificada em exames de sangue simples. No hemograma podem estar presentes a anemia (queda de hemoglobina), leucopenia ou leucocitose (diminuição ou aumento dos glóbulos brancos) ou queda das plaquetas. O exame pode também vir aparentemente normal, com a “presença” de células leucêmicas na amostra.

Tratamento

O tratamento sempre é a quimioterapia, que hoje é cada vez mais direcionada para os subtipos de leucemias. Radioterapia, quimioterapia intratecal ou transplante de medula óssea são outros possíveis passos nesse tratamento. Além disso, a transfusão de sangue e uso de antibióticos são necessários durante esse tratamento específico.

“A depender do tipo de leucemia e da resposta subsequente ao tratamento inicial, o transplante de medula óssea é o tratamento de escolha visando a cura do paciente. Em geral é preciso um doador compatível (aparentado ou não) e boas condições clínicas para suportar tal procedimento.

Marcelo explica que existem leucemias agudas e crônicas. “As agudas são uma emergência médica, podendo evoluir com muita gravidade para o doente em poucos dias. As crônicas são aquelas que evoluem em meses ou anos, com sinais e sintomas mais sutis, muitas vezes detectadas apenas com exames de sangue. As crônicas incidem quase exclusivamente em adultos, enquanto as agudas têm picos na infância e após a idade adulta”, esclarece o hematologista.

Na rede pública o tratamento das formas agudas de leucemia é oferecido no Hospital de Base (HBDF), Hospital Universitário de Brasília (HUB) e Hospital da Criança de Brasília (HCB). As formas crônicas em geral são manejadas ambulatoriamente. O transplante de medula é feito apenas em hospitais com equipes credenciadas pelo Ministério da Saúde.

O hematologista explica que não há uma prevenção estabelecida, mas sim fatores de risco para o surgimento da doença como fatores: familiar, algumas doenças hematológicas, tratamentos quimioterápicos, radiação ionizante, algumas doenças genéticas (síndrome de Down) e alguns tipos de vírus.

Cadastro para doação de medula óssea

Para ser doador e se cadastrar no banco de dados é necessário ter idade entre 18 e 55 anos, boa saúde e realizar a doação de uma ampola de sangue, colhida e cadastrada no Hemocentro.

“A partir desta amostra de sangue fazemos exames para identificar as proteínas de histocompatibilidade e o resultado vai para a ficha do doador, disponibilizada em todo o Brasil. Por isso, é importante que os candidatos à doação mantenham sempre seu cadastro atualizado, pois pode surgir um paciente compatível após mais de dez anos”, explica Alexandre Nonino, chefe da Divisão Técnica da Fundação Hemocentro de Brasília.

Alexandre explica que, geralmente, dá-se a preferência para doadores compatíveis da mesma família, pois a chance de haver rejeição é bem menor. No entanto, quando não há algum parente, a busca por um doador compatível é feita pelo banco de dados do Redome, que seleciona as pessoas 100% compatíveis ou com maior número de antígenos iguais.

O doador é acionado, doa outra amostra de sangue para que sejam feitos outros exames e por fim vai para a terceira fase realizando o exame confirmatório entre a amostra do paciente e do doador.

“Hoje, graças ao avanço da tecnologia temos a possibilidade de realizar o transplante com pessoas que são aploidênticas, ou seja, 50% de antígenos iguais, compatíveis. Mas nesses casos, depende muito da gravidade e do estágio da leucemia”, afirma.

Segundo Alexandre, dificilmente no Brasil não será encontrado um doador de medula óssea, tendo em vista o crescimento do número de cadastrados no Redome e a possibilidade de realizar o transplante em doadores haploidênticos. Vale lembrar que a coleta da medula óssea pode ser pela retirada na coluna ou através de coleta sanguínea. Para se tornar doador, basta agendar um dia para a coleta de sangue no Hemocentro. No Brasil, são 5,3 milhões de doadores cadastrados no Redome.

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