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Falta de emprego afetou principalmente os menos escolarizados
Esse grupo de trabalhadores executa tarefas menos elaboradas e a tendência, mesmo fora da pandemia, é de ser substituído por novas tecnologias ler
Na coluna Reflexão Econômica desta semana, o professor Luciano Nakabashi fala sobre os dados do Boletim Mercado de Trabalho, do Centro de Pesquisa em Economia Regional (Ceper), que traz no último número análise sobre os efeitos da pandemia no mercado de trabalho. As análises do boletim, segundo Nakabashi, levam em consideração dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), fornecidos diretamente das empresas para o governo. “Nesses dados percebemos que a pandemia teve um efeito muito forte no mercado de trabalho e afetou especialmente os menos escolarizados, que tiveram uma perda maior, e a recuperação tem sido mais lenta para eles, independentemente do setor e da região do Estado.”
Nakabashi lembra que essa parte da população já é mais vulnerável em termos de renda, mas também em termos de empregabilidade e de perda de emprego em períodos de recessão. “É uma população que precisa de mais políticas públicas para minimizar principalmente os efeitos da pandemia.” Os dados revelam ainda que os setores mais afetados foram os de comércio e serviços, até pelas características da crise, de pandemia, que obriga ao não contato entre as pessoas em função da disseminação do vírus. “A construção civil foi impactada num primeiro momento, mas a retomada foi rápida e muito boa em termos de geração de emprego, tanto para os menos como para os mais escolarizados, o que deixa clara essa questão dos juros que estimula o setor e o fato de que as pessoas ficarem em casa as leva a mais reformas, mesmo assim, os que mais se beneficiaram, em termos de emprego, foram aqueles com mais escolaridade.”
Os trabalhadores menos escolarizados foram mais impactados em diversos setores, diz Nakabashi, pois tendem a fazer um trabalho direto no local, como loja, por exemplo, o que torna a atividade em home office mais difícil. Outro ponto, segundo o professor, é que são trabalhos que exigem tarefas menos elaboradas, o que torna mais fácil fazer a troca desses trabalhadores ou a reposição desses trabalhadores, o custo de troca é menor. “Num momento de pandemia e em outras crises, essa classe tende a ser dispensada primeiro, porque na retomada é mais fácil fazer a reposição do que os mais escolarizados, pois estes tendem a ter um processo mais longo das tarefas que são mais complexas, o que eleva o custo.”
Disponível em: A coluna Reflexão Econômica, com o professor Luciano Nakabashi, vai ao ar toda quarta-feira às 9h00, na Rádio USP (São Paulo 93,7 FM; Ribeirão Preto 107,9 FM).