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Saúde

Estudo inédito mostra mecanismo envolvido no aparecimento do lábio leporino

Experimentos com animais e células, realizados em parceria com a Universidade de Londres, trouxeram informações importantes sobre o papel da genética e do ambiente na malformação ler

20 de junho de 2023 - 09:00

A fissura labiopalatina, também conhecida como lábio leporino, é uma malformação caracterizada por uma abertura na região do lábio e/ou palato (céu da boca) ocasionada pelo não fechamento dessas estruturas. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada 650 crianças no Brasil nasce com a deformação, cuja causa ainda não foi definida.

Uma pesquisa de doutorado, realizada por Lucas Alvizi e coordenada por Maria Rita Passos-Bueno, trouxe informações importantes sobre o papel da genética e do ambiente para o aparecimento dessa condição. Os resultados foram publicados recentemente na revista Nature Communications.

Maria Rita Passos-Bueno é pesquisadora do Centro de Estudos sobre o Genoma Humano e Células-Tronco (CEGH-CEL) da USP e tem se voltado a entender como acontece essa malformação. Em trabalho anterior, ela e outros pesquisadores demonstraram que variantes genéticas no gene CDH1 diminuíram os níveis de uma proteína chamada “e-caderina”. “É um dos mecanismos genéticos que causam essa malformação congênita”, explica Mayana Zatz, diretora do CEGH-CEL. “Entretanto, no estudo das famílias com casos de lábio leporino e mutação em CDH1, ela observou que apenas 50% dos indivíduos com a alteração nesse gene tinham lábio leporino, enquanto os outros 50% com a mutação no mesmo gene não tinham nenhuma malformação craniofacial. Qual mecanismo explicaria isso?”, era a pergunta levantada por Maria Rita e sua equipe.

A hipótese levantada na época pela equipe era de que a inflamação em bebês com deficiência parcial nos níveis de e-caderina seria responsável pela fenda labiopalatina. De acordo com Mayana Zatz, de fato, há vários estudos na literatura que associam estados pró-inflamatórios durante a gestação – tais como diabete, obesidade, infecções – ao aumento de risco de nascimento de crianças com fissuras. “Isto é, a inflamação materna, no início da gestação, seria um fator de risco quando o embrião é portador de mutação em CDH1”, relata a pesquisadora.

Para testar essa teoria, foram necessários vários modelos: in vitro, em células humanas diferenciadas a partir de células-tronco pluripotentes induzidas com mutação no gene CDH1, e in vivo, em camundongos e rãs, com deficiência em CDH1.

Os resultados inéditos são descritos pela geneticista.

Fonte: Jornal da USP

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