Na coluna Reflexão Econômica desta semana, o professor Luciano Nakabashi fala sobre a dificuldade de crescimento econômico no Brasil. Segundo Nakabashi, os motivos são questões de fundamentos econômicos, sobretudo a curto prazo, como a questão da dívida pública em relação ao PIB, as incertezas na parte política, com a figura do presidente Jair Bolsonaro sendo muito combativa, além de suas atitudes em relação à pandemia, por exemplo. “Todos esses fatores se refletem no baixo crescimento econômico brasileiro e na perspectiva de resultados fracos para 2022 e 2023, inclusive abaixo dos demais países.”

Já a longo prazo, o professor diz que são diversos os elementos para esse desempenho fraco da economia brasileira ao longo das quatro últimas décadas, entre eles a corrupção. Num levantamento recente da Transparência Internacional, o Brasil caiu duas posições no Índice de Percepção da Corrupção. Nessa questão, diz Nakabashi, um dos grandes problemas é onde o setor produtivo vai alocar seus esforços. “Se vai ser para ficar mais próximo de políticos importantes e dessa forma conseguir favores, muitas vezes lícitos e em outras até ilícitos.”

Para Nakabashi, uma economia funcionando bem reduz a proximidade dos agentes econômicos em relação a figuras importantes do governo para conseguir ter sucesso, ou seja, a economia precisa ter um mercado que funcione de acordo com o desempenho da empresa, com a qualificação do trabalhador e com a adoção de novas tecnologias. “Esses são elementos que vão impactar o desempenho da empresa e da economia em geral.”

O professor lembra que,  muitas vezes, regras são alteradas para auxiliar grupos de interesse e a própria alteração dessas regras geram instabilidade, pois nem sempre são justas, não geram eficiência ou justiça social. “Num ambiente onde as regras vão se alterando para auxiliar grupos de interesse, acabam causando mais instabilidade e incertezas e também prejudicam investimentos. Para a redução da corrupção, precisa haver uma melhora das instituições que monitoram as ações e transações entre agentes públicos e privados.”

Fonte: Jornal da USP