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Fuga de cérebros

Cresce a emigração de brasileiros qualificados aos Estados Unidos

Os motivos principais da fuga de cérebros brasileiros são: Violência, limitações para desenvolver pesquisa, mudança de governo e polarização política ler

16 de dezembro de 2019 - 16:24

A saída definitiva de cidadãos brasileiros tem aumentado nos últimos anos. A perspectiva econômica, as disputas políticas, a violência são alguns dos fatores que explicam este movimento. Segundo dados da Receita Federal, já passa de 20 mil emigrantes brasileiros por ano. Em 2018, 22,4 mil pessoas entregaram declarações de saída definitiva do Brasil.

Segundo Vinicius Bicalho, advogado que trabalha em Orlando, na Flórida, assessorando brasileiros nos trâmites de vistos para os Estados Unidos, o perfil dos seus clientes “São pessoas de sucesso e que se mudam do Brasil em razão, principalmente, da insegurança. (…) São famílias de classe média e média alta, muitos profissionais liberais e empresários. O que eu vejo é que o Brasil vem perdendo um tipo de mão de obra importante”.

Daniel Rosenthal, advogado que atua no mesmo ramo, faz o mesmo diagnóstico. Seus cliente são “Pessoas com mestrado, doutorado, com carreira sólida no Brasil, com filhos e que parecem que deixaram de acreditar no Brasil”.

O problema amplia-se aqui: o Brasil vem perdendo profissionais de alta qualificação. Jovens recém formados que a sociedade aplicou recursos públicos e agora estão buscando vistos de emprego como o EB-1 (trabalhadores prioritários com habilidade científicas e no esporte) e EB-2 (trabalhadores com habilidades excepcionais). O índice de emigrantes brasileiros EB-2 cresceu 436,36% entre 2018 e 2019. No tocante, a profissionais EB-1, o crescimento foi de 109,62%.

Luiz Davidovich, presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e professor da Escola de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), resume o problema: “São jovens em idade muito boa para criar. Perder esse pessoal é ruim, prejudica o investimento que o Brasil faz nesses jovens, que agora vão usar suas capacidades para outros países. Pode ser que depois eles voltem, mas o prejuízo é grande no curto e médio prazos”.

Em um país com pouca capacidade de formação educacional de alto nível, a diáspora de cérebros brasileira, apesar de não ser tão expressiva numericamente, é uma verdadeira tragédia nacional com impactos econômicos e sociais que se desdobram ao conjunto da sociedade. E, infelizmente, o horizonte não é animador, visto que a política de ciência e tecnologia do atual governo tenderá a ampliar este movimento nos próximos anos.

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