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Covid-19 afeta famílias, empresas e sistema financeiro

Para o professor Luciano Nakabashi, os efeitos da crise do coronavírus sobre a economia serão mais graves do que se supunha ler

23 de abril de 2020 - 14:05

Os efeitos da covid-19 sobre a economia serão mais fortes do que se imaginava inicialmente. Além do agravamento da pobreza em muitos países, a crise deve afetar também o desenvolvimento emocional e cognitivo das crianças, afirma o professor Luciano Nakabashi, na coluna Reflexão Econômica desta semana.

Na coluna, o professor discorre como acontece esse processo. Quanto mais tempo de economia parada, maiores as consequências no setor produtivo, o que já afeta as famílias e as empresas. Para o professor, parte dessas empresas irão à falência e isso deve ter um efeito mais duradouro na retomada econômica. Também o sistema financeiro de alguns países já está sendo afetado, diz o professor, com uma redução do ativo, que leva a uma maior insegurança nos empréstimos, até mesmo daqueles que já foram realizados. “Boa parte dos ativos financeiros está perdendo qualidade, o que piora a qualidade do balanço do sistema financeiro.”

Quando a crise chega ao sistema financeiro, a capacidade dela se prolongar é muito maior, o que torna mais difícil a retomada da economia num segundo momento. Todos esses fatores levam dificuldades financeiras para as famílias, para as empresas e para o sistema financeiro.

Em relação às famílias, o professor diz que o aumento da pobreza é outro fator de impacto em países de renda média e baixa, como o Brasil, por exemplo. “O Brasil já vem enfrentando momentos difíceis desde 2013, com recessões fortes, e com uma retomada lenta a partir de 2017. Isso já vinha aumentado a pobreza no País, o que também tem efeitos de longo prazo.”

Somado a esse período, vem a crise e o confinamento, que levam ao aumento da ansiedade e do estresse. Esses fatores, em famílias desestruturadas, acabam num ambiente mais caótico, “o que é muito ruim para o desenvolvimento da criança, pois desencadeia um ambiente familiar sem segurança e conflituoso, o que afeta a sua formação”.

O professor afirma que o aumento da pobreza afeta também a alimentação das crianças e, consequentemente, seu desenvolvimento socioemocional e a capacidade de aprendizado. “Já vínhamos no aumento da pobreza com a lenta recuperação da economia e agora, com essa parada súbita e com a retomada que vai demorar mais do que se imaginava inicialmente, o aumento da pobreza vai perdurar por um tempo relativamente longo, que deve afetar a formação das crianças em termos emocionais e cognitivos.”

Nakabashi fala que é importante olhar e dar sustentação para essas famílias não só em possibilidades de consumo, mas, num momento posterior, ampará-las social e psicologicamente.

Fonte: A coluna Reflexão Econômica, com o professor Luciano Nakabashi, vai ao ar toda quarta-feira às 9h00, na Rádio USP (São Paulo 93,7 FM; Ribeirão Preto 107,9 FM) e também no Youtube, com produção do Jornal da USP e TV USP.

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