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Corte de financiamento da OMS pelos Estados Unidos pode ter consequências globais

Para Marília Fiorillo, negligência da comunidade internacional a populações fragilizadas pode contribuir para a disseminação do coronavírus por todo o mundo globalizado ler

20 de abril de 2020 - 18:00

Com a retirada de financiamento dos Estados Unidos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) perde ao menos 15% do seu financiamento total. A medida adotada por Trump em meio ao pico de coronavírus nos Estados Unidos, com número de mortes por covid-19 ultrapassando a marca de 30 mil nesta quinta-feira (16), como mostram dados da Universidade Johns Hopkins, traz questionamentos sobre o real motivo do corte de financiamento. Para a colunista e professora Marília Fiorillo, achar um culpado pelo surto é o principal motivo: “Ao acusar a OMS de ter sido lerda diante das informações que vinham da China, ou mesmo de não ter investigado se os dados correspondiam aos fatos, arranjaram um bode expiatório para culpabilizar o caos que ele mesmo [Trump], e só ele patrocinou, pois foi ele que declarou inicialmente que tudo não passava de uma ‘gripezinha’, que o isolamento era bobagem e que a cura milagrosa seria uma boa dose de cloroquina”.

Com o corte de financiamento dos Estados Unidos, quem sofre são os países que recebem refugiados e que não contam com infraestrutura adequada para tratar os casos de covid-19: “Sem infraestrutura sanitária e hospitalar, a situação dos superlotados campos de refugiados é ainda mais grave, onde não há praticamente água potável, mas existe um surto de cólera, como o caso do Iêmen.” O momento não é de negligência, e sim de atenção para com, principalmente, os países “esquecidos”: “Se a comunidade internacional negligenciar, como parece, essas populações duplamente fragilizadas não vão se limitar a iemenitas ou sírios, vão se espalhar em progressão geométrica, pois, afinal, o mundo ainda é globalizado”.

Fonte: A coluna Conflito e Diálogo, com a professora Marília Fiorillo, vai ao ar toda sexta-feira às 10h50, na Rádio USP (São Paulo 93,7 FM; Ribeirão Preto 107,9 FM) e também no Youtube, com produção do Jornal da USP e TV USP.

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