Um estudo inédito explica a relação entre emendas parlamentares individuais e corrupção municipal no Brasil. 66% dos municípios fiscalizados pelo Programa de Fiscalização a partir de Sorteios Públicos da Controladoria-Geral da União – Marília foi uma das cidades sorteadas – têm entre 20 e 50 constatações de corrupção. Aqueles que receberam menos de 20 ou mais de 80 constatações somam 15% dos casos. Pasmem: nenhum município não apresentou nenhuma constatação de corrupção.

Geralmente, a corrupção com dinheiro público federal ocorre por meio de conluios e ação de rent-seekers. O conluio ocorre quando parlamentares corruptos, que não são poucos, escolhem os municípios que receberão suas emendas a partir da análise da propensão do prefeito a aceitar participar de esquema ilícito. A relevância da obra na perspectiva dos interesses da população é apenas um detalhe incomodo.

Acertado o conluio, deputados e prefeitos buscam rent-seekers (caçadores de renda), os quais têm como objetivo cooptar as prefeituras para extrair renda ilícita via emendas parlamentares subornando os gestores para vencer a competição pública pelo fornecimento de bens. Distorcendo a concorrência privada, encarecendo os produtos vendidos ao setor público em prejuízo nosso, de toda a sociedade, que recebemos bens de qualidade duvidosa com preços superfaturados. Eis os custos do voto no corrupto, no rouba, mas faz, no passado! Vamos fugir juntos dessa ignorância?

Marcelo Fernandes Professor na Unesp de Marília, Livre Docente desde 2012, Marcelo é um respeitado ativista social em prol da cidadania, com diversos projetos na área da educação para a política e na vigilância ao poder público.

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