O Marília do Bem realizou um levantamento exclusivo sobre os gastos da Prefeitura de Marília com publicidade institucional. Desde o início do enfrentamento à covid-19, ou seja, em 2020, até dezembro de 2021, o prefeito Daniel Alonso (PSDB) “gastou” R$ 3,94 milhões em propaganda de atos e campanhas de seu governo.

Em 2020, em pleno ano eleitoral, a verba publicitária do governo Alonso alcançou a cifra de R$ 1.069.585,52 (um milhão, sessenta e nove mil, quinhentos e oitenta e cinco reais e cinquenta e dois centavos).

Em 2021, os gastos da prefeitura com a publicidade quase triplicaram. O valor alcançou a cifra de R$ 2.879.080,00 (dois milhões, oitocentos e setenta e nove mil e oitenta reais).

A soma de ambos valores alcança a cifra de R$ 3.948.665,52 (três milhões, novecentos e quarenta e oito mil, seiscentos e sessenta e cinco reais e cinquenta e dois centavos).

Os dados estão disponíveis no Portal de Transparência da Prefeitura de Marília.

Quanto custa um leito UTI covid em Marília?

Uma pesquisa realizada no mesmo Portal de Transparência pela equipe do Marília do Bem encontrou dois pagamentos realizados pelo governo Daniel para a contratação mensal de leitos de UTI.

O primeiro pagamento foi realizado para a ABHU (Associação Beneficente Hospital Universitário). O valor foi de R$ 768.000,00 (setecentos e sessenta e oito mil reais).

No empenho da despesa realizada pela área de contabilidade da prefeitura há a descrição do serviço realizado. Nesta descrição podemos observar que o pagamento refere-se a contratação de 16 leitos UTI Covid.

Há outros cinco lançamentos neste valor para a mesma função. Além de outros valores também cobrados, tais como R$ 430 mil, dois lançamentos de R$ 480 mil, entre outros.

Já o segundo pagamento foi realizado para a Santa Casa de Marília no valor de R$ 576.000,00 (quinhentos e setenta e seis mil reais).

Na descrição do empenho está gravado que o valor é para a contratação de 12 leitos UTI Covid.

No caso da Santa Casa, esse valor aparece mais três vezes no lançamento da contabilidade. Há também outros lançamentos, tais como R$ 960 mil, três lançamentos de R$ 480 mil, etc. Todos eles referentes à contratação de leitos UTI para o enfrentamento da pandemia da covid-19.

Combinando o valor disponibilizado no Portal da Transparência e a indicação do número de leitos contratados pela prefeitura junto a cada prestador do serviço de leito UTI para covid, é possível apontar que o custo diário de cada leito em Marília é de R$ 1.600,00 (mil e seiscentos reais).

Nossa reportagem entrou em contato com outras quatro instituições que prestam o mesmo serviço. O valor apurado do custo diário do leito UTI covid na região ficou, na média, em R$ 2.200,00 (dois mil e duzentos reais).

A ABHU e a Santa Casa foram procurados pela reportagem para confirmarem ou não os valores diários de cada leito UTI covid cobrado da Prefeitura Municipal, mas, até o momento do fechamento desta matéria, não retornaram o contato. O espaço está aberto para manifestações.

Gasto com publicidade ou contratação de leito de UTI covid?

Caso cruzarmos o valor gasto em publicidade pelo governo Daniel Alonso no período da pandemia da covid-19 (R$ 3.948.665,52), com os valores apurados pela reportagem de custo diário de UTI covid em Marília e região, seria possível a contratação de 2.468 dias de UTI Covid-19 (R$ 1.600,00/dia).

Ao invés de contratar 2.468 dias UTI covid-9 para os marilienses em estado grave por conta da doença, a escolha do Prefeito Daniel Alonso foi “gastar” todo esse recurso em publicidade e propaganda do próprio governo.

Caso cruzarmos o mesmo valor com custo médio aferido na região do dia da UTI Covid-19 (R$ 2.200,00), o governo Daniel Alonso poderia ter contratado 1.795 dias de UTI covid-19 para a segurança de cada mariliense.

Como sabemos, preferiu “gastar” o dinheiro da população em publicidade do que investir em dias leito de UTI Covid-19 na cidade para salvar vidas de marilienses. Posição justificada pelo próprio Daniel Alonso na “CPI da Covid”, da Câmara de Marília, ao dizer:

“E deixar claro de uma vez por toda. Que o leito de UTI, que a vaga de hospital, não é garantia de vida pra ninguém”.