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Colunista fala sobre os efeitos da crise no mercado de trabalho

Segundo Luciano Nakabashi, quem entra no mercado durante a pandemia tende a ter renda menor a longo prazo, efeito que será mais acentuado entre os jovens ler

13 de junho de 2020 - 08:05

Os efeitos no mercado de trabalho causados pela pandemia do novo coronavírus são o tema da coluna Reflexão Econômica desta semana. Segundo o professor Luciano Nakabashi, o Brasil já vinha de uma situação muito difícil, com crise econômica e aumento do desemprego entre 2014 e 2016, e consequente perda de renda dos trabalhadores. De 2017 a 2019, segundo o professor, houve um crescimento pequeno da economia do País. “Mas a crise do novo coronavírus chegou e esta deverá ter um efeito muito mais relevante sobre o mercado de trabalho e aumentar ainda mais o desemprego, pois é uma crise que afeta fortemente a atividade produtiva e isso deve impactar negativamente o bem-estar das pessoas.”

O professor lembra que estudos já mostraram o desemprego como a variável que mais afeta o bem-estar das pessoas, pois existe um senso de propósito decorrente da atividade produtiva que é muito importante para esse bem-estar. Também são importantes a capacidade de pagar as contas, o aluguel no final do mês e se alimentar. Se esse conjunto de propósitos não for possível, diz Nakabashi, em função da queda na renda, pode aumentar a ansiedade e, em alguns momentos, levar as pessoas à depressão. “As consequências do desemprego são muito negativas e, quanto mais persistentes forem, maiores serão seus efeitos.” Nakabashi afirma que esses efeitos também atingem aqueles que estão empregados, pois estes ficam com medo de perder o sustento, e até mesmo o empresário, pois este tem a perda de receitas. “Neste período, na média, o salário das pessoas aumenta menos que a inflação. Existe uma perda real, tanto na renda como no salário das pessoas.”

A taxa de desemprego neste cenário tem um efeito maior entre os jovens. Para essa faixa etária, a taxa de desemprego já é maior normalmente, tanto no Brasil como em vários outros países e em diferentes momentos do tempo. “Mesmo passando pela universidade, o jovem tem dificuldade de entrar no mercado de trabalho por falta de experiência e, neste cenário, isso tende a piorar.”

Segundo o professor, estudos já mostraram que, além desse efeito de piorar o desemprego a curto prazo, aqueles jovens que entram no mercado de trabalho em momento de crise acabam tendo uma renda menor durante todo o ciclo produtivo. Nakabashi explica que a pessoa começa a ganhar experiência entre 30 e 40 anos; nesse período, existe um grande progresso em termos de salários e cargos, é quando a pessoa muda mais de trabalho e tem mais flexibilidade. Com isso, tende a conseguir uma melhora mais acentuada profissionalmente. “Mas, quando a pessoa demora para entrar no mercado de trabalho, todo esse ciclo acaba sendo afetado, chega aos 30 anos com uma experiência menor do que aqueles que ingressaram primeiro, com isso são mais afetados tanto no curto como no longo prazo, com uma renda média menor que vai refletir em toda a trajetória profissional.”

Fonte: Reflexão Econômica – Rádio Usp.

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