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Colunista comenta discurso de Bolsonaro na Assembleia Geral da ONU

Para Álvaro Moisés, não se esperava que Jair Bolsonaro pudesse ir tão longe na tentativa de enganar os chefes de Estado presentes na reunião da Organização das Nações Unidas ler

30 de setembro de 2021 - 08:18

O discurso  feito pelo presidente Jair Bolsonaro nesta terça-feira (21), na abertura da 76ª Assembleia Geral da ONU, é o tema da coluna desta semana do professor José Álvaro Moisés. De acordo com o colunista, o presidente tentou passar a imagem do Brasil como um país operante, democrático e livre, mas, na verdade, causou uma grande controvérsia na mídia internacional e mesmo na nacional. Não se imaginava que o chefe de Estado brasileiro pudesse ir tão longe na tentativa de enganar os demais governantes presentes.

“A perplexidade não veio apenas do fato de ele ser um chefe de Estado que não se vacinou contra a covid-19, o que, por exemplo, o impediu de frequentar normalmente um restaurante em Nova York. A perplexidade veio de Bolsonaro se apresentar como alguém que respeita a Constituição brasileira, como chefe de um governo que evitou a chegada do socialismo no Brasil, como um governo que está fortalecendo os órgãos de defesa ambiental, que preserva a cultura dos indígenas e, pasmem, de um governo que defendeu a vacinação do povo brasileiro desde o início da pandemia”, diz Álvaro Moisés. Ainda mais grave foi o fato de o presidente ignorar as evidências que surgem na CPI do Senado e apresentar o País como se fosse livre de qualquer sinal de corrupção. “Isso não é verdade”, afirma o colunista.

Seja como for, o discurso do presidente da República na ONU despertou os analistas brasileiros para uma outra preocupação: “As últimas pesquisas de opinião mostram que a popularidade de Bolsonaro está derretendo, ele perde as eleições de 2022 em todos os cenários criados pelos institutos de pesquisa. A grande questão então é prever e tentar antecipar como um presidente que age assim se conduzirá em face da possível derrota eleitoral. Se ele não aceitar o resultado, o que vai fazer: vai mobilizar os seus aspiradores, que por seu estilo estão se armando, vai tentar envolver as Forças Armadas nessa questão eleitoral?”. De acordo com Álvaro Moisés, é impossível hoje responder a essas questões.

Para os analistas, porém, as forças democráticas precisam se antecipar a esses acontecimentos, “entender o que o presidente possa vir a fazer, e precisam se preparar para o caso de Jair Bolsonaro se mover para trazer a violência de volta para o cenário eleitoral de 2022”. É um quadro preocupante, conclui o colunista.

Disponível em: A coluna A Qualidade da Democracia, com o professor José Álvaro Moisés, vai ao ar toda terça-feria às 8h00, na Rádio USP (São Paulo 93,7 FM; Ribeirão Preto 107,9 FM)

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