Pedido de Orçamento

Cientistas concluem lista global de répteis ameaçados de extinção

Envie seus dados. Nós respondemos!
  • Clique no link abaixo para fazer a verificação antes de enviar o formulário.
  •  
  • Ou entre em contato por telefone.
  • (14)98839-6695
  • (14)98839-6695
  • Localização
  • Horário de Atendimento:

Comprar

Cientistas concluem lista global de répteis ameaçados de extinção

Para comprar vá até a nossa loja.
  • Localização
  • Horário de Atendimento:
  • Ou entre em contato por telefone.
  • (14)98839-6695
  • (14)98839-6695

Enviar Mensagem

Envie uma mensagem. Nós respondemos!
  • Clique no link abaixo para fazer a verificação antes de enviar o formulário.
  •  
  • Ou entre em contato por telefone.
  • (14)98839-6695
  • (14)98839-6695
  • Localização
  • Horário de Atendimento:

Agendar

  • O agendamento se dará de acordo com a disponibilidade. Retornamos para confirmar.
  •  
  • Ou entre em contato por telefone.
  • (14)98839-6695
  • (14)98839-6695
  • Localização
  • Horário de Atendimento:

Regras

Leia as Regras
  • Se preferir entre em contato com a gente.
  • (14)98839-6695
  • (14)98839-6695
  • Horário de Atendimento:

Guia de Associados

Segmentos
Marília do Bem
  • Conteúdo

menu

Ciência

Cientistas concluem lista global de répteis ameaçados de extinção

Uma em cada cinco espécies corre risco de desaparecer, segundo levantamento publicado na revista Nature ler

23 de maio de 2022 - 08:00

Escondido na beira da praia, em meio à vegetação rasteira, o pequeno lagarto caiçara observa a algazarra dos primatas falantes, espalhando suas toalhas e guarda-sóis pela areia do litoral norte de São Paulo. Vira e mexe, uma latinha de cerveja ou palito de sorvete é lançado em sua direção, mas são poucos os que notam a sua presença por ali. Mais conhecido como calango-liso-da-restinga, o Brasiliscincus caissara é uma das 1.829 espécies de répteis reconhecidas como ameaçadas de extinção no mundo, segundo um levantamento global publicado em 27 de abril na revista Nature. Até onde se sabe, ele só existe nessas regiões de baixada do litoral norte paulista, encurralado entre o mar e as montanhas, com estradas, casas, hotéis e indústrias atravessando seu habitat por todos os lados.

Olhando para o leste, em direção ao mar, pode-se contemplar no horizonte os lares de outras duas espécies ameaçadas de extinção da biodiversidade reptiliana brasileira: as ilhas de Alcatrazes e da Queimada Grande, onde vivem, respectiva e exclusivamente, a Bothrops alcatraz (ou jararaca-de-alcatrazes) e a Bothrops insularis (jararaca-ilhoa). Nesse caso, a ameaça não chega por meio de estradas ou empreendimentos imobiliários, mas de raios, traficantes de animais silvestres e qualquer outra perturbação (de origem natural ou humana) que venha a alterar as características ambientais das ilhas. Afinal, quando se vive cercado de água salgada, não há muito para onde rastejar em caso de perigo. Um único incêndio pode reduzir a população dessas espécies a níveis críticos, ou até mesmo exterminá-las.

Olhando para o oeste, continente adentro, avista-se a Serra do Mar, a Serra de Paranapiacaba, o Vale do Ribeira e outras belas paisagens ainda recobertas de Mata Atlântica, historicamente o bioma mais devastado do Brasil e, justamente por isso, lar do maior número de espécies ameaçadas do País atualmente. Entre elas, a Corallus cropanii, uma jiboia de papo amarelo e hábitos arborícolas, que muito raramente é vista serpenteando pelas matas do Vale do Ribeira e sobre a qual ainda se sabe muito pouco.

Leposoma baturitensis - Foto: Daniel Loebmann

A maioria dos répteis ameaçados de extinção no Brasil é, assim, pouco conhecida do público em geral e — em alguns casos — até mesmo da ciência. Vivem um drama silencioso, em comparação com os holofotes que costumam ser lançados sobre o destino incerto de outros bichos considerados mais “carismáticos”. Do ponto de vista científico, porém, os números estão postos: o trabalho publicado na revista Nature avaliou a situação de 10.196 espécies de répteis (cobras, lagartos, crocodilos e tartarugas, entre outros) ao redor do mundo e concluiu que 21% delas (uma em cada cinco) correm risco de extinção. Entre elas, 85 espécies que ocorrem no Brasil — a maioria endêmica; ou seja, que só existem aqui e nenhum outro lugar do mundo.

O estudo é assinado por mais de 50 pesquisadores, de 24 países, incluindo dois pesquisadores do Instituto de Biociências (IB) da USP — Marcio Martins e Cristiano Nogueira — e um da Universidade de Brasília — Guarino Colli.

Foi a primeira vez que cientistas fizeram uma compilação global de répteis ameaçados de extinção, seguindo os critérios da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, em inglês), que é a organização de referência para avaliação de espécies ameaçadas no mundo. Levantamentos semelhantes já haviam sido feitos para anfíbios, mamíferos e aves, mas faltavam os répteis para completar a lista dos quatro grandes grupos de vertebrados terrestres. São as informações compiladas nessas análises que alimentam a famosa Lista Vermelha da IUCN, o maior e mais respeitado banco de dados sobre o status de conservação da biodiversidade planetária. Segundo a versão mais atualizada da lista, mais de 40 mil espécies de plantas e animais no mundo estão ameaçadas de extinção, o que corresponde a 28% das mais de 142 mil espécies analisadas cientificamente até agora.

16052022_repteis_ameacados_infografico21

Foto: Herton Escobar/Jornal da USP

Os dados brasileiros que compõem a lista global não são inéditos — são os mesmos usados para compor a lista nacional de fauna ameaçada de extinção, publicada em 2014, sob a guarida do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Na ocasião, cientistas avaliaram a situação de mais de 12 mil espécies animais, das quais 1.173 (9,6%) foram classificadas como ameaçadas de extinção, segundo os critérios da IUCN, que incluem três categorias de ameaça: “Criticamente em perigo”, “Em perigo”, e “Vulnerável”. (Essa lista nacional está sendo atualizada e uma nova versão deverá ser publicada em breve. Mais informações abaixo.)

O Brasil foi um dos pioneiros nesse tipo de iniciativa, segundo Martins. “São poucos os países que têm suas próprias listas”, destaca ele, apesar de isso ser uma prerrogativa básica para a elaboração de políticas eficazes de conservação da biodiversidade, prevista na Convenção sobre Diversidade Biológica das Nações Unidas.

“O que o Brasil fez foi único”, completa Martins, que coordenou a elaboração da lista brasileira de répteis, em parceria com Nogueira. À época da publicação, em 2014, as 12 mil espécies de fauna avaliadas pelos cientistas brasileiros representavam um terço das espécies avaliadas até então no mundo pela IUCN. “A gente trabalha não só com quem coordena as avaliações, mas também com quem implementa as ações de conservação”, destaca Martins, referindo-se ao ICMBio.

No caso dos répteis, especificamente, foram avaliadas 732 espécies brasileiras, das quais 85 foram consideradas ameaçadas (incluindo cinco serpentes que, até então, não haviam sido formalmente descritas pela ciência). Essas 85 representam apenas 4,6% das espécies ameaçadas de répteis no mundo, segundo a compilação divulgada na Nature, mas isso não significa que não haja motivos para preocupação por aqui.

Uma das surpresas do trabalho foi concluir que a maior parte dos répteis ameaçados de extinção no mundo está em florestas tropicais, e não em ambientes de clima árido (como desertos e savanas), como se esperava. Os fatores por trás dessa ameaça são velhos conhecidos: desmatamento, agropecuária, urbanização e outras atividades humanas (legais ou ilegais) com capacidade para destruir, alterar, isolar ou fragmentar os ecossistemas dos quais essas espécies dependem para sobreviver.

A boa notícia é que, por compartilharem esses habitats florestais com espécies ameaçadas de anfíbios, aves e mamíferos, os répteis acabaram se beneficiando, por tabela, das medidas de conservação já estabelecidas para esses outros grupos ao longo do tempo — ainda que não tenham sido uma motivação inicial para elas. “Ou seja, as ações empregadas para proteger a biodiversidade das florestas já está protegendo uma grande parte dos répteis que vivem nelas, também”, explica Martins.

Estudos como esse são fundamentais para direcionar de forma inteligente “os escassos recursos que a gente tem de conservação”, diz o colega Nogueira, em entrevista ao podcast Ciência USP. “Se você não sabe onde estão os seus organismos, onde estão as suas prioridades, fica difícil trabalhar, e o risco também existe de você colocar esforços em áreas que são redundantes. Então é fundamental que a gente conheça a diversidade dessas espécies, e o nível de ameaça dessas espécies.”

Fonte: Jornal da USP

Comentários

Mais lidas