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Páscoa

Cacau dispara e encarece chocolates na Páscoa

Alta de 190% no preço do cacau reduz produção de ovos e impacta mercado ler

18 de março de 2025 - 19:30

Cacau atinge valores recordes

O preço do cacau disparou 189% no último ano, atingindo um pico de 282% no período. Em dezembro, a tonelada da commodity chegou a ser negociada por US$ 11.040 na Bolsa de Valores de Nova York, um aumento de 163% em relação ao mesmo mês de 2023.

Esse crescimento vertiginoso é impulsionado por uma combinação de fatores climáticos, doenças nas lavouras e dificuldades na produção mundial.

Clima e pragas afetam lavouras africanas

A África Ocidental, responsável por 70% da produção global de cacau, enfrentou períodos de chuvas e secas intensas. Esse cenário afetou especialmente a Costa do Marfim, maior produtora do mundo, que sozinha responde por 45% da oferta global.

Além disso, uma praga conhecida como Vascular Streak Dieback devastou plantações na Costa do Marfim e em Gana, agravando ainda mais a escassez do fruto.

Brasil também sofre impactos

Embora contribua com cerca de 4% da produção mundial, o Brasil não consegue suprir sua própria demanda por cacau. Em 2024, o país colheu apenas 179,4 mil toneladas, uma queda de 18,5% em relação ao ano anterior, enquanto o mercado interno exigiu 229 mil toneladas.

Na Bahia, um dos principais polos de produção nacional, a podridão parda reduziu drasticamente as colheitas, com perdas superiores a 60% em algumas fazendas.

Menos ovos na Páscoa

O impacto da alta do cacau já reflete nos preços dos chocolates no Brasil. Segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o valor do chocolate em barra e bombons subiu 16,5% nos últimos 12 meses, a maior alta desde 2020.

Além disso, a produção de ovos de Páscoa foi reduzida. Segundo a Abicab (Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados), serão fabricadas 45 milhões de unidades em 2025, uma queda de 22,4% em relação ao ano passado.

Estratégias da indústria

Para minimizar os impactos no consumidor, fabricantes têm apostado na redução do tamanho das barras e no lançamento de novos produtos para equilibrar os custos. Grandes marcas como Nestlé e Mondelez ampliaram a variedade de tamanhos de chocolates para atender diferentes faixas de preço.

Apesar do cenário desafiador, especialistas afirmam que o Brasil tem potencial para expandir sua produção, aproveitando o clima favorável e o espaço disponível para novas plantações. No entanto, até que isso aconteça, os consumidores devem se preparar para uma Páscoa mais cara e com menos chocolate.

Redação: Luísa Guena
Revisão: Isabela Campanhã
Imagem: Getty Images

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