Jornalismo livre, sem amarras
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O advogado e jornalista norte-americano Glenn Greenwald, fundador e editor do Intercept Brasil, é respeitado internacionalmente pela sua atuação como jornalista livre, sem amarras. Ele ganhou o Prêmio Pulitzer de 2014, na categoria Serviço Público, pelas reportagens publicadas no The Guardian sobre a rede de espionagem global da NSA (Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos) contra chefes de Estado e Executivos de corporações transnacionais, a partir dos documentos vazados por Edward Snowden. Recebeu ainda o Prêmio de Jornalismo Independente Park Center I.F. Stone (2008); o Prêmio Online Journalism (2010); o Prêmio George Polk de Reportagens sobre Segurança Nacional; o Prêmio de Jornalismo Investigativo e de Jornalismo Fiscalizador da Gannett Foundation; o Prêmio Esso de Excelência em Reportagens Investigativas no Brasil; e o Prêmio de Pioneirismo da Electronic Frontier Foundation. Foi considerado pela Foreign Policy um dos 100 influenciadores globais em 2013.
É fácil perceber que Greenwald não é um jornalista “esquerdopata”, homossexual, estrangeiro, inimigo do Brasil, a fim de derrubar Moro, acabar com a Lava Jato, soltar Lula, sabotar o governo Bolsonaro e devolver o país aos ladrões de outrora. Pelo contrário! Ele apenas pratica o jornalismo livre, sem amarras, que possui uma utilidade pública imprescindível: vigiar, soar o “alarme de incêndio” quando percebe que indivíduos estão apropriando-se do setor público para satisfazer interesses privados, afastando a estrutura do Estado do seu fim essencial: proteger cada cidadão sob sua jurisdição, independentemente da sua cor, credo, opções políticas, do tamanho do seu bolso, etc.
Para fazer o Estado cumprir este seu fim essencial é que existe o poder Judiciário.
Ele possui o papel de ser o guardião da Constituição, das nossas leis, da nossa gente.
Tem que ser imparcial, mesmo em uma cruzada saneadora contra à corrupção. Simplesmente porque o poder Judiciário é aquele que garante a liberdade e a igualdade formal de cada cidadão perante as leis. É o poder Judiciário que possui o dever de nos proteger das ameaças dos políticos corruptos contra os interesses da sociedade.
O jurista à serviço da Política planta insegurança jurídica, ao invés de cumprir a função de fiador das leis e proteção do cidadão comum contra o político mandachuva de plantão. O que é muito grave. Porque deixa a população órfã dos direitos individuais e coletivos prescritos na Constituição, incluindo Lula ou qualquer outro marginal. A proximidade inadequada entre Ministério Público e Juiz gera suspeição e reforça a tese da defesa de Lula, colocando em xeque mais de uma centena de sentenças. Para piorar, coloca o atual Ministro da Segurança Moro em uma situação política delicada, de quase incapacidade para aprovar sua agenda política reformadora. A vaga para o STF já foi.
É folclórica a costumeira promiscuidade entre juízes e partes nos processos judiciais brasileiros. Neste quesito, entre nós, a ilegalidade é normalidade. Só que Moro não podia utilizar dos mesmos métodos que combate, mesmo que fosse para o bem da nação. Espero que este escândalo do vazamento das conversas entre o ex-Juiz Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallagnol realizado por Greenwald sirva para expor as entranhas do Judiciário e force sua reforma, pois foi o único poder que passou incólume pela Constituição de 1988.
Lembrando que os vazamentos estão apenas no início. Pois, Greenwald segue o protocolo do jornalismo investigativo norte-americano: apresenta-se apenas a ponta do iceberg; aguarda as defesas mais estapafúrdias possíveis de ambas as partes; em seguida, esmiúça em detalhes todo o iceberg, desnudando, pouco a pouco, cada mentira explícita nas defesas de cada um, ampliando ainda mais o efeito do escândalo. Quem não tem estômago, é melhor sair da sala. Como dizia Otto Von Bismarck, Imperador da Prússia: “Leis são como salsichas. É melhor não ver como elas são feitas”.