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Base de apoio de Bolsonaro vira de cabeça para baixo

Na opinião de Singer, enquanto perde popularidade entre as classes altas, presidente ganha adesão de segmentos mais pobres ler

15 de maio de 2020 - 14:12

Alçado à Presidência por meio de grande apoio das classes altas brasileiras, Jair Bolsonaro assistiu, nos últimos meses, ao seu governo perder aprovação dentro desse nicho; por outro lado, teve pequeno aumento de popularidade entre classes mais baixas. André Singer comenta a mudança na base de apoio do chefe de Estado em sua coluna Poder e Contrapoder.

O Datafolha do dia 27 de abril demonstrou mudanças no quadro de popularidade do presidente: a mais marcante, a perda de apoio nos segmentos de alta renda (acima de dez salários mínimos), o que pode ser explicado, de acordo com Singer, pelas ações recentes de Bolsonaro, como participações em manifestações de cunho antidemocrático — quando as orientações eram evitar aglomerações —, a demissão de Mandetta e, principalmente, a saída de Sérgio Moro, que deixou o Ministério da Justiça levantando acusações importantes contra Bolsonaro.

Outra reviravolta ocorreu entre os segmentos mais pobres. Os setores severamente afetados pela interrupção da atividade econômica demonstraram pequeno aumento na adesão ao governo. Contudo, devido à alta estar na casa dos 5% — em relação ao primeiro turno das eleições de 2018 – e ao fato de que as pesquisas são feitas agora por telefone, o número fica próximo da margem de erro e pode ser questionado.

Uma das possíveis causas do aumento é o apoio de Bolsonaro à retomada econômica, supostamente em favor das classes mais afetadas por uma possível recessão. Porém, há uma hipótese mais provável, segundo Singer: “O auxilio de R$ 600 pode ter gerado esse aumento de apoio, o que fica no ar é o que vai acontecer quando o auxílio for suspenso, já que ele terá duração de apenas três meses”.

Fonte: A coluna Poder e Contrapoder, com o professor André Singer, vai ao ar toda quinta-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7 FM; Ribeirão Preto 107,9 FM) e também no Youtube, com produção do Jornal da USP e TV USP.

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