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Até mesmo os filósofos se desentendem a respeito do perigo da pandemia

Segundo a professora Marília Fiorillo, o negacionismo é uma manifestação da covardia e do medo que fala mais alto que a racionalidade ler

26 de abril de 2020 - 09:31

É unânime entre médicos e especialistas que o isolamento social é, no momento, a única defesa de que dispomos, enquanto não houver uma vacina contra a covid-19. A pressão para a retomada das atividades, a fim de mitigar consequências da quarentena à economia, é grande. Estudos ainda constataram que pessoas curadas da covid-19 podem ser contaminadas novamente.

“Mas o negacionismo continua, seja movido por interesses políticos ou pela inexpugnável ignorância”, afirma a professora Marília Fiorillo na coluna Conflito e Diálogo desta semana. “Fingir que a doença não é assim tão grave ainda é uma crença profunda pela simples razão que o medo fala mais alto que a racionalidade. O negacionismo não passa de uma manifestação de covardia”, comenta.

Há, no entanto, objeções ao confinamento, que vêm dos próprios intelectuais, e dizem respeito ao controle e vigilância da população, exigidos pela pandemia, que seriam uma antessala do totalitarismo. “Este é, em resumo, o alerta do filósofo Giorgio Agamben, em um artigo recente”, explica Marília. Ele assinalou que medidas de emergência frenéticas fortaleceriam a tendência de usar o Estado de exceção como paradigma normal do governo. “Com toque humorístico, o também filósofo Jean-Luc Nancy replicou Agamben, dizendo que há um tipo de exceção viral, que é biológica, mas também cultural. Para ele, os governos não são mais do que tristes executores desta pandemia”, explica a professora.

Fonte: A coluna Conflito e Diálogo, com a professora Marília Fiorillo, vai ao ar toda sexta-feira às 10h50, na Rádio USP (São Paulo 93,7 FM; Ribeirão Preto 107,9 FM) e também no Youtube, com produção do Jornal da USP e TV USP.

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