A Alemanha vem despontando como o país com melhor resposta a pandemia do novo coronavírus. Qual o segredo do sucesso?

O primeiro deles é o comportamento de estadista da Chanceler Angela Merkel. Ela foi uma única vez em rede nacional de televisão e foi clara aos alemães: o Covid-19 é muito sério e para enfrentá-lo vamos precisar de ação conjunta tal como ocorreu à recuperação da Segunda Guerra Mundial.

O segundo segredo foi a transparência: anunciou que não há terapia nem vacina contra o novo coronavírus.

O terceiro segredo foi aderir e praticar o distanciamento social. Segundo Merkel

“há apenas uma coisa que nós podemos fazer, que é desacelerar a disseminação do vírus, esticar isso por meses e ganhar tempo. Tempo para pesquisas e para o desenvolvimento de remédios e vacinas. Mas, principalmente, tempo para que aqueles que ficarem doentes possam receber o melhor cuidado possível”.

O quarto segredo foi tranquilizar a população afirmando que os hospitais alemães são excelentes, mas que não suportariam um tsunami de infectados simultaneamente. E que o Estado vai garantir suprimentos mínimos e atuará para amenizar os danos econômicos, principalmente desempregos.

O quinto segredo foi trabalhar o senso de coletividade alemão. Merkel disse que o papel existencial de cada alemão é “desacelerar o vírus em seu caminho pela Alemanha”, concentrando-se em uma única coisa: “desligar atividades públicas o mais rápido possível”, limitando assim “o risco de um infectar o outro”.

Ressaltou ainda que a ação só funcionará ser for de todos, em conjunto, agindo juntos para salvar a vida de cada um. E que a maior demonstração de afeto e amor neste momento é o distanciamento, “o único modo de expressar que você se importa”. E que aceitar as limitações atuais que o governo impõe é cuidar uns dos outros e salvar vida, pois cada alemão importa.

No dia seguinte ao discurso, o Portão de Brademburgo, principal ponto turístico da Alemanha estava vazio e ainda permanece assim.

O sexto segredo do sucesso alemão no combate ao Covid-19 foi testar indiscriminadamente a população. Dessa maneira, as autoridades federais, estaduais e locais da Alemanha conseguiram identificar precocemente as cadeias de transmissão e desfazê-las.

Contribui também a “frieza” do povo alemão nos contatos sociais e a eficiência do Estado em cumprir as garantias dadas por Merkel, sem titubeações.

Resultado: controle da primeira onda da pandemia com bases científicas, milhares de vidas salvas, hospitais, que já eram bom, agora ótimos e reafirmação da solidariedade entre as famílias e o conjunto do povo alemão.

Em pouco tempo, a sociedade alemã estará pronta para realizar a retomada econômica. Até porque sem gente, não tem economia. “Se é para morrer, morrer trabalhando” nunca foi opção cogitada na Alemanha. Os frutos estão sendo colhidos.

Todos os países e as sociedades que trilharam um caminho parecido obtiveram sucesso. Aquelas que foram por outras trilhas estão ceifando vidas. Portanto, vamos entender a situação e ficarmos em casa.

No momento, não há outras opções: falido se recupera, morto não. É simples compreender.